Pli: “Talvez acabe a carreira no fim da época”
É impossível esconder a paixão que Pli tem pelo SC Braga. Nesta entrevista ao ComUM, o guarda-redes, que entrou para a equipa minhota ainda antes da parceria com a Associação Académica da Universidade do Minho, afirma que coloca sempre os interesses do clube acima da sua personalidade e revela, aos 36 anos, que o fim da carreira de jogador pode estar próximo.
O Pli vive muito o clube. De onde vem esse espírito?
O SC Braga nasceu do São Lázaro, onde eu jogava. Éramos um grupo de amigos, fomos ter com o clube e conseguimos uma parceria. Portanto, há 17 anos, eu estava na primeira equipa do SC Braga. Depois, saí, andei algumas épocas por fora, mas regressei. É o meu clube, é a minha cidade e é o meu projeto, porque, quando o SC Braga esteve quase a acabar, eu também estive envolvido nas reuniões com a Associação Académica da Universidade do Minho.
Tem uma ligação muito forte com os adeptos?
Tenho. Primeiro, porque conheço-os a todos, por variadíssimas razões. A maioria apoia-nos desde sempre, ainda antes de o clube ser SC Braga/AAUM. Temos uma relação de amizade, confraternizamos. Eles, acima de tudo, veem o nosso amor ao símbolo e sabem ajudar-nos. Além disso, no final da época fazemos sempre jogos com as duas claques, os Red Boys e a Bracara Legion. Isso cria empatia entre os adeptos e os jogadores. E muitas vezes, quando vamos ver jogos fora de Braga, fico ao lado deles.
Nota-se também que existe grande cumplicidade com o treinador, Paulo Tavares…
Há 14 anos, quando o SC Braga estava na segunda divisão, eu fui para o Famalicense, que estava na primeira. Quem me veio buscar foi o Paulo Tavares. Tivemos duas épocas muito boas e, depois, fomos os dois para a Fundação Jorge Antunes. E agora regressou ao meu clube e espero que fique cá muitos anos, porque é um treinador como não existe em Portugal. Já fui treinado por muitos, respeito todos, mas o Paulo Tavares é muito, muito, muito bom.
SC Braga/AAUM-Benfica: 40 minutos a olhar para Pli
Nesta época, tem dividido a baliza com Beto. Como é a vossa relação?
A minha relação com o Beto é fantástica. Damo-nos muito bem, trabalhamos muito os dois. Eu vivo com os sucessos dele e, com certeza, ele também vive com os meus. Mas pensei que não ia ser fácil, porque eu tenho 19 anos de carreira e sempre fui titular. Só que há algo que está acima da minha personalidade: o sucesso do SC Braga. Se estivesse noutra equipa, talvez vivesse pior por estar no banco. Mas eu quero é o bem do meu clube e sei que é preciso preparar o futuro, porque, mais cedo ou mais tarde, vou deixar de jogar e é normal que alguém venha para o meu lugar.
Está a pensar terminar a carreira no fim da época?
Em princípio, sim. A minha mulher diz que eu já digo isto há muitos anos [risos]. Mas nunca esteve tão perto… É mais por questões familiares, porque já cansa: são muitos treinos, são muitas horas, são muitas viagens. Mas só no fim da época é que vou ver, não sei.
Ter um bom sucessor ajuda a tomar a decisão?
Sim, sem dúvida. Já disse ao Beto que, mais cedo ou mais tarde, vou sair e penso oferecer-me para diretor – e acho que me vão aceitar. Por isso, quero que o Beto fique cá até não poder mais.
Como é que concilia a vida de advogado com o futsal?
Lá está, essa é uma das razões por que, se calhar, está na altura de deixar o futsal. Às vezes tenho julgamentos fora da cidade, chego, venho direto para o treino… Depois, quando chego a casa, a minha filha e a minha mulher já estão a dormir. E, além disso, quero ter mais filhos. Portanto, esta época não está a ser fácil, porque exigência com o Paulo Tavares é muita – e eu quero e gosto que assim seja, porque só assim podemos ter sucesso.
A atitude durante os jogos é uma libertação do dia-a-dia?
Pode correr-me mal a vida lá fora, mas chego aos jogos e desligo. Entro no balneário, sou dos mais bem-dispostos, puxo pelos meus colegas, gosto deles… É um escape. Por isso, quando deixar de jogar, não sei onde vou arranjar um escape, não sei como vou lidar com isso.