O site britânico For Folk’s Sake descreveu o álbum como «uns dos mais singulares do panorama da pop dos dias de hoje».
As primeiras impressões recebidas ao ouvir a primeira faixa “Winter” é de uma ambiência delicada e obscura que lembra uma noite ao luar na floresta. A voz de Elena é um dos pontos fortes devido à sua suavidade e o seu quê de agridoce, sendo que os instrumentos complementam e enriquecem a sua presença.
“Smother” e “Still” são faixas caraterizadas por uma melancolia e fragilidade de alguém que foi magoado numa relação ou vive sentindo-se não merecedor da vida que lhe foi conferida. Ao ouvir estas três faixas pode cair-se no erro de julgar que esta banda faz música demasiado depressiva, mas a verdade é que essas conturbações existem e são retratadas de uma maneira bela e catártica.

“Youth” pode ser descrita como o hino da juventude, pois retrata a essência dessa fase da vida através da melodia da guitarra e da percussão, que conferem à faixa um crescendo agradável – «setting fire to our insides for fun, we are the reckless, we are the wild youth».
“Lifeforms” e “Tomorrow” são um concentrado de emoções sombrias e vincadamente pessoais, o que é comprovado pela voz da vocalista, que é marcante de tal forma que assombra as canções a par de demónios interiores (talvez seja essa a razão pela qual estas faixas foram concebidas).
“Human” é uma música que alivia o ambiente dada à sua leveza e instrumentalidade que se desvia um pouco do registo ouvido até agora, retratando o estado animalesco que os humanos podem adquirir em situações desesperantes.
“Shallows” dita o fim do disco e cumpre bem a sua função. O seu ritmo, que tem o dom de embalar, é como um lusco-fusco de um dia cansativo. Mais uma vez, a voz de Elena é a protagonista (e não há razões de queixa para tal!).

If You Leave não é um álbum fácil nem tão pouco apropriado para ouvir em todas as ocasiões, é um facto. Mas, com a disposição certa, ouvir as onze faixas torna-se numa experiência emocional que nos proporciona momentos de introspeção. Todo ele é uma espécie de um exercício de exorcismo “psicológico” por parte da vocalista, que escreveu todas as canções sendo que algumas foram com a ajuda de Igor.
Daughter marcam pela diferença, é verdade. Trata-se de uma pop que não é de fácil consumo e por isso tem todas as razões para continuar a amadurecer. Por agora deliciamo-nos com as suas melodias soturnas mas simultaneamente tocantes. Quem sabe não voltarão para confirmar a sua singularidade.