Guimarães Jazz termina com chave de ouro
“Ainda não tinha vindo este ano e gostei muito”. Foi esta a reação de Marta Coelho, uma das espectadoras do último concerto do Guimarães Jazz 2013. No passado sábado, poucos minutos após as 22 horas, a orquestra dirigida por Jim Mcneely subiu ao palco do Centro Cultural Vila Flor (CCVF).
O concerto ainda não tinha começado, mas a música jazz já se fazia ouvir. As sonoridades jazzísticas decoraram o ambiente e acompanharam o público pelos corredores de acesso ao Grande Auditório do CCVF. Este tornou-se pequeno para todos aqueles que queriam ver e ouvir a orquestra alemã HR Big Band, uma das mais reputadas orquestras de jazz do mundo. Durante mais de uma hora, a expectativa do público ia aumentando a cada nota que entoava.
Segundo o Diretor Artístico do Guimarães Jazz, Ivo Martins, o festival “correu bem”. Para este balanço positivo contribuiu a experiência adquirida nos últimos anos e a presença de alguns dos artistas de jazz mais emblemáticos do mundo. Alguns deles estrearam-se neste festival. E este é também um dos objetivos da organização que tenta, sempre que possível, “equilibrar o cartaz”, trazendo “músicos novos”.
O Guimarães Jazz é de todos e para todos
O Guimarães Jazz 2013 é muito mais do que uma sequência de concertos. Segundo o Diretor Artístico, “o festival tem três grandes linhas orientadoras”, sendo uma delas “a formação”. Através das oficinas de jazz foi possível promover “o contacto com os jovens músicos”, dando-lhes um espaço “de intervenção”. Nunca esquecendo aquela que é “a matriz mais original do jazz”, houve ainda lugar para jam sessions, para além de exposições e concertos de rua.
“Queremos que haja cada vez mais massa crítica”
Tendo como principal objetivo “a divulgação do jazz”, as sonoridades jazzísticas invadiram as ruas da cidade de Guimarães, envolvendo-se no quotidiano da população. Segundo Ivo Martins, a organização utiliza “quer as jam sessions, quer as atividades de rua” para se aproximar “das pessoas e fazer as pessoas aproximarem-se do jazz. Sem dirigismos, sem convencimentos e sem persuasões”, tentando “dentro do possível (…) fomentar o gosto pela música, para fazer com que haja cada vez mais massa crítica. Também queremos que as pessoas critiquem. Não queremos pessoas passivas a ouvirem e a não pensarem sobre aquilo que estão a ouvir. Queremos que as pessoas formulem juízos, favoráveis ou desfavoráveis, e por isso, tentamos divulgar. Pôr as pessoas em contacto com a música e pôr a música ao dispor das pessoas”.
Uma iniciativa para continuar
Após 22 anos de existência, Guimarães está na rota do jazz. A maioria das pessoas que assiste aos concertos desloca-se propositadamente à cidade berço. Aproximadamente, “60 a 70 % das pessoas não são de Guimarães. Deslocam-se aqui para ver os concertos”, garante Ivo Martins, acabando por “encher a cidade”, o que tem um reflexo direto no turismo cultural.
No que ao futuro diz respeito, a organização garante que “ainda há muito caminho a percorrer. Estamos sempre a pensar nas coisas. A refletir sobre aquilo que fazemos e a fazer coisas novas. É o nosso espírito (…). Não temos uma noção que o festival está formatado e que vai ficar assim”.
Por enquanto, o Guimarães Jazz terminou. Mas promete voltar para o ano. Ou não houvesse ainda muita coisa para descobrir.
Reportagem: Daniela Mendes
Edição: Mariana Santiago