As razões do sucesso desportivo da UMinho
Por estes dias, a Universidade do Minho festeja a chegada ao primeiro lugar do ranking da European University Sports Association (EUSA). Depois de três anos no pódio, a academia minhota, que é campeã europeia de andebol masculino e vice-campeã de futsal feminino, conseguiu ser reconhecida como a melhor instituição no desporto universitário europeu.
A propósito, importa dizer que a Universidade do Minho não tem curso na área do Desporto. Por isso, dias após a distinção, que premiou os resultados dos estudantes da academia minhota nas várias competições internacionais ao longo deste ano, o ComUM procurou encontrar as razões que justificam o sucesso na prática desportiva universitária.
- Valorização da prática desportiva
Numa entrevista recente à RTP, o vice-reitor José Mendes garantiu que a Universidade entende e valoriza o desporto como parte integrante da formação dos estudantes. Nesta lógica, também a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), tem feito, segundo o presidente Carlos Videira, uma “aposta muito séria para promover o desporto como complemento”.
Jorge Silvério, psicólogo desportivo e um dos responsáveis pelo programa TutorUM, defende que a Universidade do Minho possui uma estratégia bem definida “no sentido de perceber que o desporto tem um papel fundamental no desenvolvimento de seres humanos capazes de enfrentar os desafios que o Mundo traz”.
Para Sandra Vaz, jogadora de voleibol do SC Braga e aluna de Ciências da Comunicação, “a universidade tem uma política de apoio aos estudantes-atletas que favorece a participação”.
- Apoio permanente ao estudantes-atletas
Criado em 2005, o programa TutorUM pretende precisamente ajudar os estudantes a equilibrar o desporto e os estudos. De acordo com Jorge Silvério, “a ideia central está relacionada com as enormes dificuldades em conjugar a prática desportiva com a carreira académica”. Apesar de não integrar o programa, Sandra Vaz garante que a instituição minhota permite que os atletas tenham boas condições para estudar e para ter resultados desportivos.
“O TutorUM é um programa muito interessante, porque as pessoas envolvidas acompanham os estudantes de forma muito próxima, não permitindo que fiquem isolados”, diz António Paisana, dirigente do SC Braga/AAUM e Provedor do Estudante da Universidade do Minho. No entanto, o apoio técnico disponibilizado vai mais além do âmbito deste programa.
Carlos Videira, presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, ressalva a existência de outros incentivos para os estudantes-atletas. Um deles é a atribuição de prémios financeiros destinados “a todos os estudantes que tenham sido campeões e que tenham obtido aproveitamento académico” – isto é, que tenham conseguido arrecadar, pelo menos, metade dos créditos das disciplinas em que se inscreveram.
- Qualidade das infraestruturas
As condições físicas oferecidas pela Universidade do Minho são também um fator de sucesso importante. “A universidade tem excelentes infraestruturas e permite-nos treinar num bom pavilhão”, refere Sandra Vaz. Jorge Silvério acrescenta que a UMinho terá, porventura, condições físicas e logísticas superiores a instituições que possuem cursos de Desporto.
Os dois complexos desportivos da Universidade do Minho, localizados em Braga e Guimarães, são habitualmente utilizados pelos atletas, sejam eles estudantes universitários ou não. De acordo com Gabriel Oliveira, treinador campeão europeu universitário em andebol, a UMinho oferece “infraestruturas de excelência” e que estão totalmente disponíveis para os atletas. Carlos Videira ressalva também a qualidade dos complexos desportivos das próprias cidades.
Para o presidente da AAUM, a organização do Mundial Universitário de Andebol, que decorrerá no próximo ano em Guimarães, é igualmente um exemplo da “capacidade organizativa” que faz com que a Universidade do Minho, em articulação com a AAUM e com a Federação Académica do Desporto Universitário, acolha este tipo de eventos. Na agenda, estão também o Europeu de Andebol (2014) e o Mundial de Karaté (2016).
- Parcerias com clubes da região
As parcerias estabelecidas pela Universidade do Minho e pela Associação Académica, que são mais visíveis nas relações com o ABC e com o SC Braga, permitem que ambas as partes obtenham vantagens. António Paisana garante que a Universidade beneficia destes protocolos, porque as equipas que representam a instituição minhota são reforçadas por jogadores e treinadores federados.
No caso do andebol, Gabriel Oliveira, que comandou a equipa universitária ao título europeu e é treinador das camadas jovens do ABC, reconhece a importância de contar com jogadores experientes e destaca as vantagens para todos os envolvidos. “O ABC está a realizar um campeonato excelente e a Universidade do Minho pode utilizar os jogadores federados, o que a leva a campeã nacional, campeã europeia e ajuda a ser a universidade número um no ranking”.
Para Sandra Vaz, a parceria entre o voleibol do SC Braga e a UMinho consiste numa troca de serviços. “Nós representamos a universidade e eles cedem as instalações, o que se torna positivo, porque de outra maneira não tínhamos condições para treinar”, aponta. A estudante-atleta defende também que a parceria entre o clube minhoto e a AAUM, no futsal, constitui uma mais-valia, porque “ajuda a divulgar a Universidade”.
- Convergência de esforços
A cooperação entre a Universidade do Minho e a Associação Académica faz com que aumentem as probabilidades de vitória. De acordo com António Paisana, “existe um envolvimento muito próximo em prol de um objetivo comum” e há muito trabalho invisível, feito nos bastidores, a sustentar o sucesso desportivo da academia minhota. O dirigente destaca ainda a importância das relações pessoais entre técnicos, jogadores e diretores.
Também Gabriel Oliveira entende que o facto de as estruturas unirem esforços, ajuda a chegar ao sucesso. “As sinergias que existem entre a universidade, a AAUM e a estrutura profissional do Departamento Desportivo e Cultural são excelentes, funcionam muito bem e a prova está nos resultados alcançados”, conclui o treinador.
Texto: Ricardo Castro | Ricardo Costa