Origens do espaço
“The Last March”, o tema que inicia o conjunto, não poderia ser mais perfeito para o fazer; é, de todas as faixas, a que mais prova a identidade única da banda irlandesa, com riffs de guitarra espaciais intensos, entrelançando vozes melódicas, notas de piano e sintetizador com uma bateria que enfatiza deliciosamente o seu cariz emocional.
Tanto quanto “The Last March”, “Weightless” – como o nome indica -, é um tema de uma leveza harmónica incrível, marcada por acordes visuais e expectantes.
Se, por um lado, as últimas duas nos mostram o lado mais post de God is An Astronaut, “Calistoga”, “Exit Dream”, “Signal Rays” e “Strange Steps” evidenciam o caráter “astronáutico” da banda, com padrões e vozes “off” que só nos poderiam lembrar o Space Rock de bandas como Tame Impala, The Beatles e Pink Floyd.
Já “Transmissions” e “Spiral Code” são duas faixas extremamente rítmicas e, talvez, as mais desinteressantes das doze, por não terem algo que as marque particularmente.
“Autumn Song” e “Reverse World”, embora completamente diferentes, estão ambas envolvidas num ambiente melancólico, sendo que a primeira, acompanhada por uma guitarra de acordes simples, parece ter por de trás a nostalgia do verão introduzida pelo Outono, enquanto a segunda se torna numa tristeza mais pesada e até indiferente, produzida por instrumentos de sopro.
Aos 41 minutos e meio, surge-nos “Red Moon Lagoon”, a música mais metálica deste reportório, com um ritmo acelerado e riffs de guitarra austeros, abrindo-nos as portas para o final deste intrigante álbum. Assim, com “Light Years From Home”, terminamos esta viagem pelo espaço com mais uns minutos de rock psicadélico.
Origins tem uma abordagem diferente da que costumamos ouvir vinda de God is an Astronaut, por ser menos post-rock e muito mais psicadélico e espacial. A grande maioria das faixas é constituida por elementos vocais próprios de músicas como ” Lucy in the Sky with Diamonds” e padrões demasiado eletrónicos que, apesar de já fazerem parte do background musical da banda, aqui aparecem com muita mais força. Contudo, uma banda com sete álbuns não poderia deixar de ser enorme e, a cada um que nos é presenteado, notamos novas experiências musicais. Acima de tudo, vivências que merecem ser recordadas sob a forma de música.