CAUM: As vozes do Minho
É segunda-feira, ouve-se a porta do anfiteatro a abrir. Pouco a pouco tornam-se mais audíveis os passos da presidente Joana Granado. É dia de mais um ensaio do Coro Académico da Universidade do Minho (CAUM). À medida que as horas se aproximam, os coristas dos mais diversos cursos vão chegando e vão-se preparando para mais uma noite de trabalho e de convívio.
Fundado em janeiro de 1989, pelo maestro Fernando Lapa, o CAUM é uma associação cultural sem fins lucrativos, e ao contrário daquilo que as pessoas pensam, não está apenas ligado à religião cristã. “Nós temos um reportório muito vasto. Nós tanto podemos cantar uma peça clássica, como uma música pop qualquer”, afirma o membro da direção, Catarina Silva.
“Acabamos por ser um grupo de amigos, de companheiros”
Nesta associação formam-se coristas que não sabem ler partituras, que têm receio de cantar em público e experimentam-se vários tipos de música. Aliado a isto estão todos os laços e as relações humanas que se criam.
Criar laços, amizade, família, convívio, felicidade, respeito, responsabilidade, luta, trabalho e dedicação são alguns dos pilares do CAUM, partilhados por todos os membros e pelos que lá passam. “Acabamos por ser um grupo de amigos, de companheiros (…) mesmo que as pessoas não se sintam à vontade a cantar, acabam por ficar e fazer parte deste projeto”, salienta Joana Granado.
Desde novembro de 2013 que a aluna de Mestrado Integrado em Medicina, Joana Granado, assume a presidência e vê este grupo cultural como uma “escola de cidadania, onde aprendemos a ser pessoas e a ter respeito”.
José Marques, um dos atuais membros do coro, do qual já faz parte há quase cinco anos, afirma que entrou sem saber cantar e que até foi lá que conheceu a namorada e muitos amigos. Apresenta também como principais valores do coro “o sentido de responsabilidade e de grupo”.
Os ensaios são meio caminho andado para o sucesso
De piano de baixo do braço, o maestro entra na sala. Faz sinal aos coristas que o tempo de recreio terminou e que está na hora de ensaiar os cânticos que ele mesmo prepara ou que foram preparados pelo fundador do coro. Desde 2006, que Rui Paulo Teixeira assumiu o cargo de maestro do coro, e avalia a sua experiência como sendo “muito positiva”.
O “fator humano complementado pelo gosto de cantar (…) e a relação humana” são dois dos principais motivos apontados pelo maestro pela ingressão de novos membros, bem como pela fácil adaptação.
O sucesso do coro depende muito da relação entre todos os membros e da receção aos novos elementos. Um dos membros da direção do coro, Catarina Silva, admite que a sua “a integração foi muito rápida porque as pessoas te recebem de uma forma bastante calorosa”, acrescentando ainda que “as pessoas se sentem em família e entre amigos”.
Os ensaios terminam sempre com muitos momentos de boa disposição entre os elementos, não fosse a presidente considerar que se levam dali “amizades para a vida”. Catarina Silva reforça esta ideia afirmando que “estar uma semana sem vir a um ensaio… (suspira) sinto falta disso”. A relação destes com o coro vai muito para além de um simples canto.
25 anos de coro
Ao longo de todo este ano, os ensaios são mais especiais e intensos. Há um longo ano de comemorações a preparar, que oficialmente se iniciou no Natal passado. Contudo, o mês das comemorações mais intensas é maio.
Para comemorar estes anos de existência do Coro, Joana Granado adiantou que não se vão limitar apenas a um concerto comemorativo, mas sim a um conjunto de diversas atividades, como por exemplo parcerias com outros coros, bem como concertos por todo o país.
Ao longo destes 25 anos foram muitos os alunos que pelo coro passaram e são, certamente, muitos os que ainda lá ficarão. Este não é um coro qualquer, tal como a presidente Joana Granado o afirma, “o coro levou-me a dar um bocadinho do melhor de mim. A minha experiência no coro tornou o meu percurso académico completo (…) e será uma experiência que contarei, certamente”.
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Reportagem: Angélica Dias e Marta Roda
Áudio e Imagem: Mariana Santiago