Festival Música Viva: instalação sonora “SoundWalk” passou por Guimarães
Após a entrada, o caminho até à Galeria 4 faz-se subindo umas pequenas escadas. À direita encontra-se uma pequena sala vazia, quatro colunas, uma em cada canto, e um pequeno banco no centro decoram o espaço. As 25 peças sonoras rodam umas a seguir às outras. Numa das paredes, num pequeno papel, estão todas as informações sobre cada uma das peças que é possível escutar.
Até hoje, dia 5 de Janeiro, era isto que encontrava quem se dirigia ao Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitectura (CAAA) em Guimarães. Um espaço simples, “sem distrações (…) onde as pessoas se podiam sentar e ficar a ouvir a música” conta a Pianista e Responsável pela Exposição, Joana Gama. Durante 105 minutos quem lá se dirigiu foi convidado a entrar numa atmosfera auditiva composta por 25 paisagens sonoras elaboradas por artistas dos quatro cantos do Mundo.
Organizado pela Miso Music Portugal, uma associação cultural sem fins lucrativos, as 25 peças sonoras que formaram a “SoundWalk”, iniciativa integrada no Festival Música Viva, foram as vencedoras de um processo de candidatura aberto a todos os compositores a nível mundial.
Segundo o Diretor Artístico da Miso Music Portugal, e responsável pelo Festival Música Viva, Miguel Azguime, o processo de candidatura decorreu na internet: “Fizemos uma chamada global baseada na internet e em todos os meios que ela proporciona”. Para concorrer apenas era necessário enviar um ficheiro áudio com a peça eletroacústica com uma duração entre dois a cinco minutos. “Recebemos, ao todo, 130 candidaturas provenientes de 38 países. A partir destas, selecionamos 25” como se apresentava no regulamento.
“A música portuguesa tem tanta qualidade como a dos artistas internacionais”
Quem se deslocou até ao CAAA, teve a oportunidade de ouvir 25 peças sonoras originárias de 16 países, tais como Alemanha, Argentina, Finlândia ou até Albânia. Segundo o Diretor Artístico da Miso Music Portugal, “é importante trazer a Portugal (…) o que as pessoas estão a fazer à escala mundial”.
De entre todos os vencedores, existiu também espaço para compositores nacionais. Este facto permite a “projeção dos artistas portugueses”, sendo uma prova de que “a música portuguesa tem tanta qualidade como a dos artistas internacionais”.
“Esta foi a primeira oportunidade, mas esperamos que surjam mais”
O Festival Música Viva já conta com 19 edições, e, este ano, esteve pela primeira vez em Guimarães. O primeiro contacto entre as duas organizações surgiu no âmbito da Capital Europeia da Cultura: “Após uma primeira colaboração em 2012 (…) convidámos a Miso Music a trazer a Guimarães a iniciativa “Sound Walk”, conta Joana Gama. Destacando a “afinidade entre os projetos da Miso Music Portugal e o CAAA”, Miguel Azguime expressa a vontade de continuar esta parceria: “Esta foi a primeira oportunidade, mas esperamos que surjam mais”.
Visitas aquém das expectativas
Durante, aproximadamente, dois meses, a exposição sonora esteve patente no CAAA para todos os que a quiseram visitar. Segundo o Responsável do Festival, “no dia 16 de Novembro, dia da inauguração, esteve presente muita gente”.
Esta realidade contrasta com aquela que é apresentada pelo Diretor do CAAA, Ricardo Areias: “Quando é para as inaugurações as pessoas veem, mas durante o dia não se lembram de passar por aqui”.
A falta de visitas deve-se, aos olhos do Diretor do espaço, ao encerramento do Posto de Turismo da cidade: “Com o posto ali, os turistas ainda sabiam alguma coisa mas durante a Capital Europeia da Cultura o Posto de Turismo mudou”. Para além disso, a localização do CAAA, que “está deslocalizado do centro”, e a fraca divulgação das atividades faz com que existam poucos visitantes: “Nós somos uma associação cultural sem fins lucrativos e, por isso, não temos capacidade para fazer divulgação impressa, por exemplo”. A verdade é que “durante uma semana, isto está aberto todos os dias das 14h30 às 19h00 e vem cá pouca gente”.
Numa cidade que já foi Capital Europeia da Cultura, a falta de visitas é uma realidade transversal a esta e a tantas outras exposições.