Miki Fehér – Dez anos depois
Há precisamente dez anos, em Guimarães, nos últimos minutos de um jogo que o Benfica vencia, graças a um golo marcado instantes antes por Fernando Aguiar, Miklos Fehér impediu que Rogério Matias cobrasse um lançamento lateral. O árbitro, Olegário Benquerença, admoestou-o por conduta antidesportiva. Fehér sorriu, levou as mãos aos joelhos e tombou no relvado.
Respiração cortada. Silêncio. Temor, nervosismo e choque. Olhar vidrado, pensamentos nefastos cada vez mais fortes e uma preocupação generalizada pelo que acontecera ao jogador do Benfica.
As equipas médicas foram prontas no socorro. Os jogadores abraçaram-se, os adeptos dos dois clubes gritaram o nome de Fehér. Todos os que estavam no estádio uniram esforços. Percebeu-se, desde logo, que as perspetivas não eram animadoras. A queda do jogador húngaro, de 24 anos, fora um prenúncio fatal.
Pelo meio, ainda houve um momento de confiança e o estádio aplaudiu. A verdade é que, poucas horas depois do incidente, foi confirmado o óbito de Fehér, já no Hospital de Guimarães. A morte do jogador húngaro deixou o futebol de luto.
Hoje, dez anos depois, o ComUM recorda o momento com recurso a dois testemunhos de quem o viveu a poucos metros de distância – da bancada.
Raimundo Fernandes, adepto fervoroso do Vitória, que acompanhava a equipa vimaranense desde os sete anos de idade, nunca mais entrou num estádio de futebol depois desse dia. O episódio marcou-o ainda mais porque, segundo diz, tinha os olhos postos em Fehér no momento da queda do então jogador do Benfica.
Também Pedro Azevedo, jornalista que estava na bancada de imprensa, a relatar o jogo para a Rádio Renascença, confessa que se apercebeu, no instante, da gravidade do que acabara de acontecer a Miki Fehér. Foi em lágrimas que transmitiu aos ouvintes o que via no relvado. “Não consegui conter a emoção”, recorda.
De uma maneira ou de outra, uma década volvida, fica em ambos a mesma certeza: a morte de Fehér marcou-os de forma indiscutível.
Reportagem: Ricardo Costa | Ricardo Castro