Duas personagens totalmente vestidas de preto numa sala. Foi este o cenário escolhido para a primeira performance. Um espelho, uma cadeira, uma mesa, um tapete sobre o chão e um piano decoraram o espaço num jogo de luzes, sons e movimentos. “Um trabalho no universo dos sonhos”, disse um dos espectadores e participante no GUIdance, Marco Ferreira. O som de um piano tocado ao vivo, o canto de Matilda e a presença de um coro de jovens da cidade de Barcelos preencheram a Black Box, na Plataforma das Artes e da Criatividade (PAC) ao longo de 45 minutos. A peça “Matilda Carlota” marcou o arranque da 4ª edição do GUIdance – Festival Internacional de Dança Contemporânea, que se realiza em Guimarães.

“Nós temos que estar com o risco se queremos estar com o futuro”

O GUIdance oferece, este ano, dois espaços distintos. Por um lado, na Black Box é possível observar uma geração mais nova que é, para o Diretor Artístico do evento, Rui Horta, “completamente surpreendente”. Como “incubadora de talentos”, esta iniciativa procura apostar nos artistas emergentes da dança contemporânea. Esta necessidade de abrir à juventude, à emergência é muito importante. O que vai acontecer é que, cada dia desta semana (…) aqui na PAC vai ser uma surpresa”, explica o Diretor Artístico. “O Guidance é um festival de estreias. Isto é uma estreia e é um risco. Mas nós temos que estar com o risco se queremos estar com o futuro”.

Horas mais tarde, desta vez no Centro Cultural Vila Flor (CCVF), foi dado lugar a artistas mais consagrados que interpretaram “Fica no Singelo”. Expondo a terra, as celebrações e os rituais, este foi, para um dos espectadores, Luís Monteiro, “um espetáculo diferente daquilo a que se está habituado a ver, daquilo que é a abordagem tradicional da dança”. Para uma das espectadoras que vai também participar no GUIdance, Mara Andrade, “a peça traz uma versão nova das danças tradicionais portuguesas”.

Mas, nesta noite, não foram só os bailarinos que dançaram. Também o público foi convidado a participar num baile. Numa roda, ao som das músicas que fizeram parte da peça, a profissional Ana Silvestre levou os espectadores a experimentar alguns passos de dança.

 

Projetar Guimarães

Para Mara Andrade este é, talvez, “o único festival que traz tanta coisa concentrada em poucas semanas”. Após quatro anos de existência, o GUIdance já faz parte da identidade cultural da Cidade Berço. Para Rui Horta, “a cultura em Guimarães já é uma identidade, ou seja, Guimarães com a Capital Europeia da Cultura reinventou-se. Guimarães deu à luz uma nova Guimarães”, sendo hoje reconhecida “como uma cidade criativa e uma cidade de inovação. (…) E é um processo para continuar nos próximos anos”.

Para já, o GUIdance vai continuar até ao próximo dia 15 de fevereiro. Em dois palcos distintos, vai cruzar artistas emergentes e consagrados e projetar a cidade vimaranense como palco de afirmação da dança contemporânea.

 

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