Juntamente com outras sete academias portuguesas, a Universidade do Minho candidata-se ao “Prémio Cinema Português”. Um dos objetivos deste prémio é aproximar os jovens estudantes do mundo profissional. 

Para os alunos, a participação no Fantasporto é uma forma de mostrarem o seu trabalho e melhorarem o seu currículo. Uma opinião que é partilhada pelo professor António Branco da Cunha, que acompanhou de perto alguns projetos: “Qualquer iniciativa que tenha visibilidade e que seja posta à prova é importante para o currículo, principalmente, nesta área”. A participação neste evento permite aos estudantes ter “desafios (…) e criarem raízes para uma posterior marca que lhes facilite, por exemplo, a entrada no mercado de trabalho”.

 

Experiências e histórias de vida retratadas na tela

No próximo dia 6 de março várias são as histórias que ocuparão o Teatro Rivoli no Porto. No mesmo dia em que as curtas-metragens da Universidade do Minho são exibidas, o papel das novas tecnologias é um dos temas retratados com a curta “O Tempo” de Bernardo Limas, Carmo Marinho, Miguel Faria, Rita Vilaça e Tiago Leite. Alertar para o que está a acontecer às “amizades e valorizar as “relações humanas face a face” foram alguns dos objetivos deste grupo de participantes. A atualidade está presente em todas as curtas apresentadas. Para Joana Jorge, uma das realizadoras de “Encurralados”, o retrato de temas como o desemprego ou a violência permite “ir de encontro às pessoas. Queríamos que as pessoas se identificassem com estes sentimentos de vazio e prisão”.

Para além de temas atuais, também algumas experiências de vida são retratadas. Jane Verwich, uma das realizadoras de “Never Forget” decidiu, juntamente com a estudante Francesca Sonsolo, retratar a experiência Erasmus que ambas estão a viver em Braga: “Nós queríamos mostrar a nossa experiência e tentar mostrar o que é fazer Erasmus em todos os aspetos e não seguir os estereótipos”.

Para Bruno Ferreira, o festival já não é uma experiência nova: “Esta é a segunda vez que participo no festival e espero que a experiência seja tão gratificante como a do ano passado”. Pelo segundo ano consecutivo, o aluno do 3º ano da licenciatura leva a concurso uma curta-metragem, desta vez denominada “Find Me”. Filmada no Gerês, a curta mostra as paisagens da serra portuguesa numa história que nos mostra o fim trágico de um jovem casal.

 

Uma estreia para alguns

Para os alunos do 2º ano da licenciatura em Ciências da Comunicação a participação neste festival é uma estreia absoluta. Estar num sítio onde nunca pensamos ir” é “um grande orgulho” afirma uma das realizadoras da curta-metragem “O Tempo”, Rita Vilaça.

Para André Malheiro esta também é uma nova experiência. O aluno do 3º ano da licenciatura afirma que “é sempre um motivo de orgulho poder participar no festival internacional de cinema, ainda para mais representando a universidade”. Para o mesmo, o importante não é ganhar: “Vou para lá com o intuito de aprender com os trabalhos dos outros e espero voltar lá para o ano.”

A participação neste festival foi uma forma de “tirar partido dos trabalhos realizados”, afirma o realizador e professor Martin Dale. Para além disso, “é bom envolver as escolas e fazer vir daqui novas vozes”, embora Portugal não seja o palco perfeito para quem quer mostrar o seu talento nesta área. É necessário criar outros concursos onde os jovens se possam expressar, sendo isso “uma coisa que acontece com frequência em Inglaterra e França e aqui em Portugal é um dos pontos fracos. Se olharmos para os concursos para fazer as primeiras obras e curtas-metragens temos 60 ou 80 candidatos para dois lugares. Há uma taxa muito grande entre quem quer fazer e quem vai poder fazer”.

 

A Universidade do Minho no panorama nacional

O número de curtas-metragens submetidas neste Festival pela Universidade do Minho tem vindo a aumentar de ano para ano. Em 2012 foram submetidas três curtas-metragens, o ano passado o número subiu para cinco, sendo que este ano são sete as curtas-metragens a ser exibidas. O aumento da quantidade tem sido acompanhado por um “acréscimo de qualidade. Estou muito contente com os trabalhos deste ano e é para tentar manter este ritmo”, afirma Martin Dale. Este aperfeiçoamento é, para António Branco da Cunha, “um processo natural que tem a ver com a qualidade dos alunos, o grau de exigência e o desafio em si. Há uma evolução e é isso que se pretende, que o curso vá crescendo e que os alunos vão melhorando a sua performance”.

Em 2012, o “Prémio Cinema Português” foi arrecadado pela Universidade Católica do Porto. O ano passado coube à Restart – Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias levar o prémio para casa. Para vencer é essencial a “execução técnica e artística, o conceito, a ideia e o desenvolvimento tão correto quanto possível da curta em causa”, afirma António Branco da Cunha. Para além disso, “o Fantasporto tem uma versão temática – o cinema do fantástico e, provavelmente, um trabalho que se aproxime tanto quanto possível desse género terá, naturalmente, mais impacto. Depois, obviamente, que em qualquer júri há aspetos subjetivos que são difíceis de definir”. 

Para Martin Dale, outro fator que influencia o sucesso “pode ser o acesso aos atores. As universidades em Lisboa têm muitas vezes acesso a atores que trabalham em novelas ou em cinema”, o que pode dar uma maior visibilidade ao trabalho apresentado. Apesar de tudo isso, para António Branco da Cunha, “já está sustentada a ideia de que a Universidade do Minho é uma universidade forte e com resultados perfeitamente reconhecidos”.

Na opinião de Bruno, “é óptimo poder ver o que os nossos colegas de outras escolas/universidades têm feito nesta área e perceber de que forma temos evoluído relativamente a anos anteriores.”

Quanto ao futuro, os estudantes mostram-se contidos. Para Jane Verwich, “o importante é participar”. Perceber como é o festival e o que está a ser feito na área são alguns dos objetivos. Um conjunto de estudantes com os pés assentes na terra, que desconhecem o que o futuro lhes poderá reservar.

Daniela Mendes

Francisca Vilas-Boas