GUIdance: “um espaço de encontro, tertúlia, reflexão e formação” que chegou agora ao fim
Na 4ª edição do GUIdance houve lugar para tudo e para todos. Um festival que demorou cerca de um ano a preparar e que contou com dois espaços distintos, 15 performances de dança, cinco estreias absolutas e uma série de atividades paralelas no cartaz. Os artistas emergentes, mas também os artistas mais consagrados, ocuparam os palcos vimaranenses nesta 4ª edição do GUIdance – Festival Internacional de Dança Contemporânea, que chegou agora ao fim.
Apoiar novos artistas e dar-lhes um espaço. Foi esta a missão a que o GUIdance se propôs este ano. Aceitaram o desafio e assumiram o risco que uma mudança poderia implicar. Com isso conseguiram rejuvenescer o público, numa mudança que foi notória, sobretudo, na Plataforma das Artes e da Criatividade (PAC): “O público que vem aqui é mais jovem que o público que vai ao Centro Cultural Vila Flor. São jovens a ver jovens”, explica o coreógrafo e diretor artístico do evento, Rui Horta.
Numa edição onde não faltou o movimento e alguma irreverência, Rui Horta salienta que esta diferença de públicos se deve ao facto da PAC estar mais próxima “do centro da cidade e da universidade” e de aí se terem realizado espetáculos “mais arriscados. Quem vem a este tipo de espetáculos sabe que vai ser surpreendido com qualquer coisa de estranho e isso vai bem com a juventude”.
“O público conquista-se cadeira a cadeira e lugar a lugar”
Mas desengane-se quem pensa que o GUIdance se faz apenas de performances de dança em palco. Para Rui Horta, um festival “é um espaço de encontro, tertúlia, reflexão e formação”. Por isso mesmo, o cartaz deste ano não ficaria completo sem uma série de outras iniciativas. Destacando as masterclasses, que estiveram “todas cheias”, esta foi uma iniciativa que procurou reunir alguns alunos de dança de nível avançado com os artistas convidados nesta edição.
Sem esquecer a aposta na formação, a organização decidiu visitar algumas escolas secundárias do concelho de Guimarães. Os artistas de dança dirigiram-se às escolas, e “apelando a um lado que é pedagógico”, os estudantes ficaram a saber o que levou os bailarinos a seguir os passos da dança e a fazerem dela a sua profissão. Estas iniciativas procuram, de alguma forma, conquistar novos públicos. Mas o resultado destas iniciativas não é visível de imediato. Para além disso, “o público conquista-se cadeira a cadeira e lugar a lugar”.
Planear o presente com os olhos postos no futuro
Nesta 4ª edição, entre novas ideias e alguma irreverência, o balanço é positivo. Tentar inovar é também, para o diretor artístico, “um processo de tentativa e erro. Há coisas que experimentamos e que não funcionam muito bem. Há outras que funcionam melhor do que estávamos à espera”.
Por enquanto, ainda há algumas ideias que ficaram guardadas na gaveta, como a implementação de “conversas antes e a seguir aos espetáculos”. Um projeto que fica reservado para o próximo ano. Isto porque Rui Horta não nega que acabando “uma edição já estamos a trabalhar na seguinte”.
O futuro está, de facto, a ser planeado. Mas alguns ingredientes são certos, até porque um espetáculo depende, sempre, de três coisas: “da ambição, do público e das verbas”. O futuro do GUIdance também depende disto. Três palavras que ditam o que se faz e como se faz.