Festival de Tunas Académicas dá música à Cidade Berço
Guimarães encheu-se de música com a X edição do Cidade Berço – Festival de Tunas Académicas. O Festival ocorreu nos passados dias 7 e 8 de março no centro histórico da cidade e no auditório nobre da Universidade do Minho. A X edição contou com a presença de quatro tunas a concurso vindas de Lisboa, Porto e Trás-os-Montes, entre as quais se distribuíram oito categorias de prémios.
Mas serão os prémios o mais importante? Para Carlos Ribeiro, membro da Tuna de Medicina da Universidade do Porto, a resposta parece ser negativa: “São as palmas para nós os verdadeiros prémios, são os sorrisos das donzelas que encantamos, são as lágrimas que caiem que nos dão a verdadeira motivação”.
Os prémios são o resultado “do trabalho, humildade e rigor”
O X Cidade Berço fez-se de música, atuações e prémios. O Prémio de Melhor Tuna, Melhor Instrumental e Melhor Serenata foi atribuído à Luz&Tuna – Tuna da Universidade Lusíada de Lisboa. Para Paulo Lira Abreu, membro do grupo, os prémios são o resultado “do trabalho, humildade e rigor” com que a tuna se rege, “não só para o X Cidade Berço mas para todos os festivais”. Para o grupo musical, “o maior dos prémios é ouvir o aplauso do público e sentir que estão a gostar de nos ouvir”.
Após a sua estreia em 2009, onde obtiveram o Prémio de Melhor Tuna, a TEUP – Tuna de Engenharia da Universidade do Porto voltou à Cidade Berço. Para Paulo Figueiredo, membro desta tuna, os prémios são “um reconhecimento do trabalho feito”, sendo que “a possibilidade de conhecer novos locais e culturas” é “o fator mais importante na participação num festival”.
Para além da TEUP, a cidade invicta esteve representada pela Tuna de Medicina do Porto, que levou para casa os prémios de 2ª Melhor Tuna, Melhor Pandeireta e Melhor Porta – Estandarte. Apesar de saírem vencedores, Carlos Ribeiro, membro deste grupo, afirma que “um festival de tunas não se faz apenas pelos prémios”. Não sendo estes o mais importante, Carlos Ribeiro não nega que “toda a gente gosta de ganhar. Mas não é a não obtenção de qualquer estatueta que nos deixa com tristeza ou sentimento de dever não cumprido”.
Participantes na I edição do Cidade Berço, no ano de 1999, a Tuna de Medicina do Porto tenta “dar sempre um toque diferente e especial a cada atuação e espetáculo”, afirma Carlos Ribeiro. E o passado fim-de-semana não podia ser exceção. No domingo, aproveitando a comemoração do Dia da Mulher, a tuna decidiu dedicar o seu tema “Conquista” “a todas as donzelas presentes”.
Dois dos prémios da noite – o prémio Tuna mais Tuna e o prémio de Melhor Solista – foram para Trás-os-Montes com a TransmonTuna – Tuna Universitária de Trás-os-Montes e Alto Douro. O agente do grupo, Jorge Santos, admite que “sabe sempre bem levar um prémio” e que estes são vistos como uma “motivação para trabalhar (…) ainda mais”.
Convidados especiais
A organização da X edição do Festival esteve a cargo da Afonsina – Tuna de Engenharia da Universidade do Minho – que comemora este ano o seu 20º aniversário. No último dia do Festival foi ainda possível ouvir a atuação da Tun´Obebes – Tuna Feminina da Universidade do Minho.
Para além da música, também o humor esteve presente, ou não estivesse a apresentação do evento a cargo dos Jogralhos – Grupo de Jograis da Universidade do Minho.
Tendo como pano de fundo a crise que o país enfrenta e os casos mais mediáticos da atualidade, o grupo provocou gargalhadas em todos aqueles que assistiram às suas performances. O membro do grupo Filipe Almeida admite que “é natural que as questões políticas (nacionais ou mesmo locais) sejam o prato forte. Mas a culpa não é nossa. Essa classe é a que continua a cometer mais asneiras públicas e que influencia negativamente a vida de cada um de nós. É ela própria que se posiciona como o nosso alvo preferido”. Para além da atualidade política, o grupo mantem-se muito atento “à vida académica, sobretudo dentro da Universidade do Minho”. Os textos e quadras que proclamam surgem “da inspiração e devaneio de um, do trabalho conjunto de muitos ou, por vezes, de alguma adaptação de algum texto ou anedota que circula pela internet”.
Dois dias, quatro tunas a concurso e oito prémios foi o resultado de um fim-de-semana de música e boa disposição. Ingredientes mais do que suficientes para fazer com que há 10 anos Guimarães esteja no mapa dos Festivais de Tunas Académicas.