Futuro da informação televisiva em debate na UM
As novas tecnologias, as audiências e a qualidade da informação foram os principais temas em discussão no debate “Um futuro para a informação televisiva”, realizada quinta-feira, 27 de fevereiro, na reitoria da Universidade do Minho (UM). A tertúlia reuniu os diretores de informação Alcides Vieira (SIC), José Alberto Carvalho (TVI) e José Manuel Portugal (RTP).
Analisar o presente e recordar o passado para projetar o futuro. Foi desta forma que os responsáveis pela informação dos três canais generalistas discutiram o panorama televisivo, perante uma plateia repleta de personalidades do universo académico, político e jornalístico.
Num ambiente descontraído, Alcides Vieira, José Alberto Carvalho e José Manuel Portugal comentaram temas estruturantes do jornalismo, como o serviço público, os perigos e desafios do jornalismo online, e a centralização da informação. Esta questão foi das mais debatidas, tendo motivado a intervenção de vários elementos do público.
Alcides Vieira justificou esta preocupação social face à centralização da informação com o facto de a maioria das “fontes de informação, do poder político, económico e judicial estarem centralizadas em Lisboa”. No entanto, os três convidados esclareceram que a informação regional está assegurada pelos três canais. O diretor de informação da SIC reconheceu, ainda, que o lugar dos jornalistas é “onde estiver a melhor opinião”.
Já José Alberto Carvalho defendeu que “há em Portugal uma enorme oportunidade de negócio para a imprensa regional”, lançando o desafio aos estudantes de jornalismo presentes no debate.
A propósito do mesmo assunto, José Manuel Portugal esclareceu que a RTP é a televisão “menos centralizada” e a mais próxima das pessoas. Aproveitando a oportunidade, o diretor de informação da RTP anunciou que o Centro de Produção do Norte vai passar a produzir um jornal de informação diária na RTP 2, às 21h00, e que o Telejornal, transmitido pela RTP 1, vai passar a ter mais dez minutos.
O papel central que a internet e as redes sociais têm vindo a ocupar nas práticas de consumo mediático das pessoas e a crise subjacente ao jornalismo não ficaram esquecidos. Os três responsáveis pela informação televisiva nacional reconheceram a necessidade de uma adaptação da televisão às novas plataformas de comunicação. Mas, para isso é necessário apostar na qualidade. “O que distingue a oferta é a qualidade dos conteúdos”, defendeu José Alberto Carvalho. Já Alcides Vieira sublinhou que a televisão deve saber tirar partido da rede, complementado a sua oferta com as potencialidades do online.
Esta sessão foi a primeira de um ciclo mensal de conferências que a Universidade do Minho irá a promover até Outubro, no âmbito das comemorações do seu 40º aniversário. A moderação do debate ficou a cargo do diretor executivo da Noticias TV, Nuno Azinheira, e da pró-reitora para a Comunicação da UM, Felisbela Lopes.
Ana Daniela Pereira
Cátia Cunha Ferraz