O nome é invulgar. Krizo – Educação, Arte e Cidadania é crítica e crise. Nasceu em maio de 2013, em Braga, numa altura de visíveis dificuldades sociais e económicas, e tem hoje pernas para andar. 

O objetivo da associação prende-se com a discussão de vários temas, através de expressões de arte e cultura, entre os mais importantes as questões feministas, os casais lgbt (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgéneros) e a luta contra a precariedade.

Segundo Inês Barbosa, membro da direção, a associação trata de temáticas preocupantes sobre as quais “quer pesquisar, refletir, consciencializar, debater a fundo e com muita gente”. Cada tema é apresentado de diversas formas, como debates, workshops, peças de teatro em salas ou no exterior. Tratam-se de várias iniciativas reunidas para alcançar um objetivo comum, pois a Krizo considera que “é assim que é possível fazer alguma coisa”. A associação procura produzir uma “transformação social em várias áreas, nomeadamente nas questões de género, de minorias ou precariedade”, segundo Tatiana Mendes, também membro da direção.

Ao definir a Krizo, Inês Barbosa, entre risos e lembranças, afirmou: “uma caixinha de surpresas”, uma “caixinha de música” e um “espelho”. Imprevisibilidade é a palavra que marca os diferentes eventos que realiza, pois cada tema baseia-se, segundo Inês, “naquilo que sai, que se está a pedir, que é urgente”.

Atualmente, Inês e Tatiana não conseguem contar pelos dedos das mãos os infinitos trabalhos que já realizaram e que pretendem levar a cabo. Os objetivos têm aumentado, o trabalho está a crescer e a Krizo a ganhar reconhecimento.

Na memória desta associação cultural e artística, ficam as “frases bonitas” e as reações surpreendentes que marcam as intervenções que organiza.

 

A precariedade em foco

De entre os vários temas que dão vida às atividades da Krizo, existe um que se destaca: a luta contra a precariedade. A altura em que surgiu foi uma condicionante, que abriu portas a vastas discussões e demonstrações que pretendem “pôr o dedo na ferida”, consciencializando e originando novas vertentes de debate na sociedade portuguesa.

Desta grande preocupação da associação surgiu um projeto futuro que se baseia na criação de um núcleo da Associação Precários Inflexíveis na cidade de Braga. O objetivo é a promoção de “questões da precariedade, desemprego, chantagem, formas de dominação dos dias de hoje”, formando uma sociedade mais ativa e crítica em relação aos problemas que enfrenta.

 

A Krizo e os seus membros

Apesar de muito recente, a Krizo conta com a ajuda de muitos membros, que “gastam muito do seu tempo e suor, sem receber um tostão pelo trabalho que fazem”. A associação tem-se caraterizado por uma “estrutura flexível”, nas palavras de Inês Barbosa, que considera ser benéfica, na medida em que permite a discussão de diferentes temas, preocupações e pontos de vista. As causas da formação desta estrutura são várias. Inês aponta algumas: “as pessoas vão estando, depois não estão. Depois estão de acordo com este tempo, porque querem trabalhar isto, ou não estão porque emigram ou, ainda, porque estão a trabalhar e não têm possibilidade”. Trata-se, segundo Inês, utilizando as palavras de Jacques Ion, de uma associação formada por membros que comungam uma “militância post-it”.

O ambiente no seio da associação é “ótimo, de crescimento e construção pessoal”, assegura Tatiana. Os associados são “subversivos”, porque não estão de acordo com a lógica dominante, e “insistentes”, pois não desistem facilmente.

Para se tornar membro da associação basta apenas “aparecer!”, dizem Inês e Tatiana entre risos, confirmando que “não há grandes formalidades”.

 

Uma infinidade de ideias e projetos futuros

São vários os projetos que a Krizo pretende executar na luta por uma sociedade consciente e ativa. Entre eles, a criação de dois debates sobre experiências educativas pós-25 de abril, que pretende reavivar as memórias do PREC (Processo Revolucionário em Curso).

“Férias em liberdade” é outro projeto a realizar que pretende tornar as férias da Páscoa das crianças mais criativas e de onde os mais pequenos “não sairão descontentes”, assegura Tatiana.

O projeto “Fractura Exposta”, que tem notado grande adesão, vai continuar com a discussão de temas fraturantes. Segundo Inês Barbosa, “já temos pensado em mais alguns temas: a legalização das drogas leves, a questão da imigração, a etnia cigana, a religião, a arte de rua, alguns temas que nos parecem polémicos”.

A Krizo pretende fazer-se ouvir através de uma política de trabalho árduo. A associação promete continuar com a “vontade de transformar a cidade de Braga, através do diálogo, através da colocação de questões em cima da mesa, até originar transformações”, assegura a direção da mesma.

 

Atualizado: Foi atualizado o nome do projeto “Fratura Exposta”.

Foram apagadas  as informações sobre a segunda “Marcha LGBT”. A oganização da Marcha está a cargo de “Braga Fora do Armário”.