“Liberdade na Comunicação” em debate na Universidade do Minho
“Liberdade na Comunicação” é o tema das XVII Jornadas da Comunicação, organizadas pelo Grupo de Alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho (GACCUM). O primeiro dia, 2 de Abril, foi marcado pelos painéis sobre o Modelo de Negócio no Jornalismo e sobre o Cinema e Liberdade.
As Jornadas da Comunicação começaram com a intervenção inicial da presidente do Instituto de Ciências Sociais, Helena Sousa. Na sessão de abertura, estiveram também presentes o diretor-adjunto da licenciatura em Ciências da Comunicação, Alberto Sá, o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, Carlos Videira, e a presidente do GACCUM, Bárbara Martins. A representante do grupo de alunos destacou a relevância do tema “Liberdade na Comunicação” nas XVII Jornadas da Comunicação, referindo que a Revolução do 25 de Abril “marcou o fim da censura e da falta de liberdade de expressão”.
Publicidade e novas formas de financiamento no jornalismo
O painel sobre “Modelo de Negócio no Jornalismo” iniciou o conjunto de painéis que decorrem durante os três dias das jornadas. Neste painel, moderado pelo docente Luís António Santos, debateu-se a importância da publicidade no jornalismo e as formas alternativas de financiamento da atividade jornalística. Segundo Ana Melo, docente da Universidade do Minho e também uma das oradoras do painel, o jornalismo e a publicidade não são áreas totalmente distintas e paralelas: “São duas áreas diferentes, mas que sobrevivem na sua interceção”. O diretor do jornal Correio do Minho, Paulo Monteiro, destacou também o peso da publicidade nos media: “A publicidade tem uma elevada importância para os órgãos de comunicação social”.
A procura de novas formas de financiar um jornalismo de qualidade é, então, considerada uma necessidade atual. Para o colaborador do jornal Alto Minho, José Domingos, existem várias alternativas de financiamento, como a criação de associações, mas a publicidade é sempre a melhor solução: “Há várias formas de financiamento, mas, no fundo, vai dar tudo à publicidade”. O número elevado de receitas provenientes da publicidade é uma forma de sustentar a atividade jornalística. Já o coordenador da Rádio Geice, Luís Teixeira, sugeriu a criação de programas de rádio que despertem a atenção das pessoas, como uma “forma de explorar e sustentar o meio”.
A liberdade no mundo do jornalismo também esteve em debate no primeiro painel. Para José Domingos, “a liberdade jornalística é diferente da liberdade no jornalismo, pois muitas vezes o próprio jornalista condiciona a notícia”.
A liberdade no mundo do cinema
Moderado pelo docente da Universidade do Minho, Martin Dale, o segundo painel teve como tema “O mundo do cinema e a liberdade”. Em debate estiveram o conceito de liberdade no cinema e as mudanças ocorridas durante os últimos anos. Para Luís Ismael, representante da Lightbox e realizador dos filmes “Balas e Bolinhos”, a liberdade é essencial na realização de filmes: “A liberdade é muito importante para mim na medida, em que filmo o que eu quero”. O animador da Rádio Nova, César Nóbrega, ressaltou também a ideia de liberdade no cinema: “A liberdade é colocarmos nos filmes aquilo que queremos, mas obviamente têm de ser coisas originais ou bem-feitas”.
Segundo o argumentista Daniel Ribas, o cinema tem sofrido alterações ao longo dos anos e, atualmente, existe uma maior variedade no meio. “O cinema é muito mais diversificado do que era há 20 anos atrás, não é tão centrado como era antigamente”, referiu. Por outro lado, o mundo do cinema está a passar por dificuldades, entre elas, a pirataria. “O futuro está na televisão. O cinema está passar por dias complicados devido à pirataria”, salientou César Nóbrega. As dificuldades sentidas no cinema aliam-se à falta de interesse no cinema português. Luís Ismael abordou a importância do cinema para os jovens, considerando mesmo que “o cinema português tem de seduzir os jovens”.
As Jornadas da Comunicação decorrem até amanha, 4 de Abril, no Instituto da Educação, na Universidade do Minho.