Cortejo Académico marcado pela alegria e saudade
O Cortejo Académico da Universidade do Minho realizou-se terça-feira, 10 de junho, e ficou marcado, este ano, pela homenagem aos estudantes que foram vítimas da queda de um muro no mês de abril. O cortejo fica também na memória de muitos alunos por ser, respetivamente, o primeiro e o último para caloiros e finalistas da academia.
Marcado pelo calor e num clima de alegria, o Cortejo Académico assinalou o fim de mais um ano letivo na academia minhota. O presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), Carlos Videira, salientou precisamente a importância desta atividade: “O Cortejo Académico marca o fim de uma etapa, de mais um ano letivo e, para os finalistas, é a sua despedida da casa que os acolheu ao longo dos últimos anos”. Para o presidente da AAUM “foi um momento vivido por todos com grande emoção e alegria, num clima de partilha e amizade”.
O Cortejo Académico deste ano ficou também marcado pelas homenagens que os vários cursos da academia realizaram aos colegas que faleceram, vítimas da queda de um muro nas imediações da Universidade do Minho (UM). A decoração dos carros com faixas alusivas, a utilização de disquetes e de pins com a frase “Somos Todos UM” e as t-shirts com referências ao sucedido constituíram algumas formas de prestar homenagem. As apresentações dos cursos em frente ao Museu Nogueira da Silva foram também realizadas com momentos de silêncio em memória dos estudantes.
Os moldes em que o Cortejo Académico decorreu sofreram também algumas alterações. O percurso foi o habitual e contou com a participação de todos os cursos da universidade, mas não houve tema, nem concurso para o melhor curso, tal como em anos anteriores. No entanto, Carlos Videira fez um balanço positivo da atividade: “A adesão foi bastante positiva, quer por parte dos estudantes, quer por parte da população local, apesar de a data ser diferente do habitual”.
O presidente da AAUM explicou ainda a mudança da atividade académica para o dia 10 de junho em vez da data prevista inicialmente: “A 14 de maio ainda não havia condições para que se realizasse algo nos moldes do Cortejo Académico. Impunha-se uma reflexão sobre o sucedido e era importante dar um sinal de respeito e de solidariedade pelo sucedido e pela dor dos que eram mais próximos dos colegas que partiram”.
Contudo, para alguns estudantes, a data alternativa não foi a melhor opção. “Penso que o Dia de Portugal não foi a melhor escolha. Todavia o facto de ter sido mudado para uma data fora da semana académica, não teve efeito algum no que toca ao simbolismo do Cortejo Académico”, afirmou Jorge Nicolau, estudante do 1º ano da licenciatura em Ciências da Comunicação. Também o finalista de Estudos Portugueses e Lusófonos, Rui Vilela, não concordou com a mudança da data: “Na minha opinião e com o maior respeito pelos familiares dos três rapazes que partiram, acho que o adiamento não foi a melhor opção. Apesar da tragédia que aconteceu, o luto é das famílias e dos amigos mais próximos, e os alunos, de uma maneira geral, queriam era distrair-se”.
Apesar das diferentes opiniões, os alunos fizeram um balanço positivo do Cortejo Académico. “As expectativas foram superadas e acho que todos os cursos se esforçaram para homenagear os nossos colegas”, afirmou Irene Costa, aluna do 2º ano da licenciatura em Economia.
Andreia Cunha
Catarina Fernandes