A evolução demográfica das cidades, o desenvolvimento urbano e a aposta em novos projetos de reabilitação dos centros citadinos foram os principais temas em discussão na conferência “UM Futuro para as Cidades”, realizada ontem, na reitoria da Universidade do Minho. O debate reuniu os presidentes dos municípios de Lisboa e do Porto, António Costa e Rui Moreira, respetivamente, e o ex-mayor de Austin (Texas, EUA), Will Wynn.

“As cidades são uma proposta de valor sem igual”. Foi com este mote que teve início o debate, moderado pelo vice-reitor da UMinho José F. G. Mendes, que salientou a importância desta discussão num país onde uma grande percentagem da população reside nas cidades, na sua maioria em Lisboa ou no Porto.

Apesar da forte concentração populacional nos grandes centros urbanos, Rui Moreira alertou para a fuga dos habitantes do Porto nos últimos sessenta anos. Já António Costa referiu que “Lisboa foi o concelho que mais desertificou nas últimas décadas”.

Para travar a diminuição da população, os autarcas nacionais defenderam a importância de tornar as cidades portuguesas mais atrativas. O presidente da CM Porto afirmou que “a fuga da população pode ser combatida, transformando a cidade num território confortável e interessante”. Rui Moreira sublinhou, ainda, a necessidade de “construir a cidade perfeita” para os cidadãos.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa revelou uma perspectiva diferente. “Mais emprego, mais pessoas, mais cidades” foi este o lema defendido por António Costa. Para o autarca, o principal desafio das cidades, atualmente, é atrair os mais jovens: “devemos apostar na fixação de novas gerações”. Até porque o crescimento demográfico das cidades se deve, essencialmente, “aos mais jovens, aos estudantes universitários e aos estrangeiros que vêm para Portugal”, acrescentou António Costa.

A aposta em novos projetos, com vista à recuperação do património urbano e ao crescimento demográfico e económico das áreas metropolitanas, foi outro tema em discussão. Rui Moreira salientou a necessidade da reabilitação das cidades, através de “uma estratégia de reanimação”. O autarca alertou, também, para as prioridades subjacentes ao seu mandato: “primeiro, devemos pensar nas pessoas da cidade, depois nos turistas e nas atividades económicas”.

O autarca da cidade invicta destacou, ainda, a importância da criação de uma estratégia de defesa, reiterando que “as cidades devem viver segundo políticas de aliança que permitem o desenvolvimento das cidades e o seu crescimento”.

Durante a sessão, António Costa enfatizou o papel do setor empresarial no crescimento urbano, declarando que “Lisboa tem sido um centro de atração para as empresas”. O presidente da Câmara de Lisboa chamou a atenção para aquilo que é essencial numa cidade:   “Aquilo que faz uma cidade é a diversidade, aquilo que lhe dá vida é o conjunto dos diferentes tipos de oferta, e quanto mais oferta tiver uma cidade, mais atrai”.

Este debate foi promovido no âmbito do projeto UM Cidades e é uma iniciativa conjunta da UMinho e da Caixa Geral de Depósitos. A Cátedra “UM Futuro para as Cidades enquadra-se, ainda, no ciclo de conferências que integra o programa de comemorações do 40º aniversário da UMinho.

Andreia Cunha
Vânia Lima