A Academia Portuguesa de Cinema atribuiu, na passada quarta-feira, o “Prémio Sophia 2014” distinguindo o cinema estreado em Portugal o ano passado. Mas, analisando os dados do Instituto Português do Cinema e do Audiovisual (IPCA), os filmes mais vistos pelos portugueses continuam a ser os americanos. Qual o futuro para o cinema luso? Estará este na sala escura ou num outro local?

Com a evolução tecnológica, vários profissionais do audiovisual debatem o assunto e arriscam nas possibilidades que o cinema enfrenta. Já se fala em ecrãs triplos, que prometem dar uma sensação de maior integração no filme ou até na passagem e adaptação à televisão. Os caminhos (e as opiniões) multiplicam-se.

Nos dias de hoje, pode-se ver um filme em qualquer local ou plataforma. Então, para quê ir à sala escura? A passagem pela “caixinha mágica” pode ser o futuro, adaptando o filme em séries ou minisséries. E o espectador mantém-se no conforto do lar e sem ter que pagar bilhete (cujo preço anda pouco ou nada acessível). No entanto, convém garantir que, com este conceito não alteraríamos o cinema e não estaríamos a produzir, unicamente, para as massas.

O importante é tornar a experiência de ir ao cinema, única e impossível de comparar com qualquer outra. E agora pergunta, caro leitor: mas, isso depende diretamente da tecnologia? Não. Queremos acreditar que depende das pessoas. Dos jovens que saem das universidades formados em cinema e audiovisual. E que fazem grandes histórias com pequenos materiais. Porque de nada vale tecnologia de ponta ao serviço de uma má história. O público gosta de narrativas. Aprecia as nossas histórias e os nossos autores. Trinta dias passaram desde a estreia da adaptação cinematográfica do romance de Eça de Queirós e parece ter sido suficiente. O filme já levou mais de 70 000 espectadores ao cinema, estando entre os mais vistos da última semana, segundo dados do IPCA.

Porque aqui o que interessa é a história, a imaginação e a fantasia. Ou como dizia Orson Welles, o “fluxo constante de sonho”.