A exposição sonora interativa CEEMI Playground está instalada no GNRation desde o passado dia 15 deste mês de novembro. Destaca-se pelo carácter de partilha por via de um instrumento musical universal.

O CEEMI (Collaborative Experimental Electronic Music Instrument) é um instrumento cujo nome indica, desde logo, o espírito de colaboração, já que não pode ser tocado por uma só pessoa e premeia o número de participantes. Para participar, é necessário ter também um dispositivo que se ligue a uma rede wifi. Ao longo da experiência, são dadas indicações ao grupo de como se deve movimentar e relacionar, ao mesmo tempo que toca música electrónica. Qualquer um pode dar sugestões de composições que podem vir a integrar a exposição.

A instalação multimédia nasceu a partir de uma ideia que Gil Teixeira, autor da exposição, teve aquando do seu mestrado em Londres. Gil Teixeira reparou na “nova forma de socializar” tecnológica, caracterizada pelo isolamento de cada um no seu mundo pelos gadgets, forma esta em que não crê e considera negativa. Desta percepção surgiu a ideia de um “cavalo de Tróia”, ou seja, a partir do uso de tecnologia, que parece remeter para o individualismo, somos confrontados com uma forma de nos relacionarmos com os outros. Há uma certa surpresa, pois “o que acontece com o CEEMI é que tudo nele aponta para fora do dispositivo”, explica o autor.

Dado o carácter comunitário do CEEMI Playground, está a decorrer desde setembro um projecto com idosos do Asilo de S. José e crianças do Patronato de Nossa Senhora da Luz. Para Gil Teixeira, este tem realçado o potencial pedagógico da instalação, pois os idosos estão a ter contacto com realidades que poderão nunca ter conhecido.

Outra função do CEEMI, pela qual Gil Teixeira não esperava, foi a de “ferramenta de avaliação sociológica”. Isto porque a exposição começou em Londres e, quando chegou a Braga, foi possível notar uma grande diferença no comportamento das pessoas: na cidade minhota, eram muito mais contidas. “Há toda uma portugalidade que veio ao de cima que, em Londres, nunca aconteceu”, diz Gil Teixeira. Este facto suscitou no autor a vontade de levar a mostra a mais países, para observar diferentes reacções e por aí passam os planos futuros do CEEMI.

A entrada é gratuita, no entanto, a adesão do público poderia ser maior. O criador considera que, em Braga, é difícil mover as pessoas e acrescenta: “a oferta existe, tem é de haver procura”.

É possível visitar a instalação até ao dia 21 de Dezembro e ainda participar nos workshops do autor aos sábados de manhã, nos quais Gil Teixeira promete que “vamos fazer música juntos”.