Guimarães Jazz despede-se da Cidade Berço
Pouco passava das 22h00 e o Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) já estava composto para ver e ouvir o último concerto do Guimarães Jazz 2014. Já passaram 23 anos desde que Guimarães passou a estar na rota do jazz.
Para o diretor artístico, Ivo Martins, o tempo trouxe segurança, mas a ansiedade mantém-se até ao último segundo. Há sempre a “angústia das coisas não correrem bem”, afirmou. Com direção artística de Eirik Hegdal, a Trondheim Jazz Orchestra, encerrou este sábado a edição de 2014.
Um festival não se faz só de concertos
O Jazz ganhou raízes em Guimarães há 23 anos. Um festival que se destaca, nas palavras de Ivo Martins, pela sua “identidade” e “forma singular”. Procurando ser abrangente, o evento não apresenta apenas concertos: “em todo o mundo, não haverá muitos festivais que façam workshops e (…) tenham espaço para que os jovens toquem dentro do festival” afirmou o diretor artístico.
Com a aposta na formação e em atividades paralelas, Ivo Martins garante que não interessa apenas “o lado mais mediático dos grandes concertos”. Interessa, também, criar “contacto com as pessoas”.
“Nem sempre os melhores músicos são as pessoas mais indicadas”
O programa deste ano sofreu poucas alterações, mantendo-se fiel às suas linhas orientadoras. “Os concertos, no conjunto, mantêm uma elevada qualidade”, afirmou Alice Carneira, uma das seguidoras do festival.
Apesar do público se mostrar satisfeito, Ivo Martins garante que é preciso “criar fórmulas mais seguras de escolher os músicos. Nem sempre os melhores músicos são as pessoas mais indicadas para fazer um trabalho com os jovens”, sublinhou, sendo esta uma das preocupações para garantir a qualidade do festival.
“O melhor festival do país”
“A fasquia aqui em Guimarães está sempre muito alta, por isso é que é considerado o melhor festival do país”, afirmou Miguel Cunha, um espectador assíduo dos últimos cinco anos do Guimarães Jazz.
Pela qualidade e adesão que tem conseguido ao longo de mais de duas décadas, o Guimarães Jazz já é considerado um exemplo de forte implementação tendo em conta o panorama atual da cultura em Portugal. Por enquanto, o Guimarães Jazz despede-se até 2015. As sonoridades jazzísticas voltam para o ano com a qualidade que tem conquistado o público.
[metaslider id=4569]
Reportagem: Daniela Mendes
Som e fotografia: Mariana Santiago