Azeituna, “uma família fora de casa”
É segunda-feira e faltam dez minutos para o início de mais um ensaio da Azeituna, a Tuna de Ciências da Universidade do Minho. Lá dentro os risos e as vozes começam a ouvir-se. Há alegria e euforia no ar e fazem-se os primeiros preparativos e aquecimentos para mais uma noite de ensaios. Todas são importantes, mas esta é especial. Prepara-se o espetáculo Celta, um dos momentos-chave da Azeituna.
Fundada em 1992, a Azeituna é constituída apenas por elementos do sexo masculino, de diferentes idades e cursos, “cujo objetivo é fazer música e animar as pessoas” nas suas atuações, tal como refere o presidente do grupo, Francisco Gomes.
A cada um cabe uma tarefa distinta, mas há algo que os une a todos: gostar daquilo que fazem. E este ”gosto comum” atravessou gerações, mantendo sempre a mesma essência. Norberto Sousa, confessa que após ter ido a um ensaio, a convite de um membro, sentiu “paixão à primeira vista” e mantém o mesmo sentimento “há mais de dez anos”.
Chegam aos poucos e, sem mais demoras, preparam-se para ensaiar juntamente com os restantes colegas. Uma sala que aparentemente seria grande vai, a pouco e pouco, encolhendo. “O sentimento de pertencer a este grupo é basicamente o mesmo que pertencer a uma família, que tal como uma, se rege por valores, amizade e conhecimentos, uma família fora de casa”, diz Daniel Domingues, membro da Azeituna.
Família e liberdade são as palavras que, dizem, os caraterizam. “Pertencer à Azeituna é ter poder de realização, é pertencer a uma verdadeira família que representa, cultiva e celebra a cultura tradicional do meu país, do Minho e de Braga”, acrescenta Emanuel Roriz.
O Festival Celta é o culminar de um ano de ensaios
A atenção deste ensaio está virada para o próximo Festival Celta que decorre na próxima sexta e sábado no Theatro Circo pelas 21h30. Desde o XIV Celta que decidiram incutir um tema nos seus espetáculos. Não sendo este ano exceção, optaram por representar África, convidando para a sua atuação o artista Bonga.
A cada ano que passa a Azeituna luta para que este festival não seja um mero encontro entre tunas, mas sim um espetáculo que “aproveita as capacidades musicais, cénicas e teatrais dos mais variados estudantes de todas as universidades do país”, afirma António Melo, organizador do festival.
Contudo, António Melo destaca as dificuldades cada vez mais sentidas na realização deste festival: “A cada ano que passa torna-se numa missão mais difícil em que toda a conjuntura económica dificulta a organização deste evento”, comenta.
Entretanto, o ensaio decorre com euforia e sem qualquer pausa. É preciso apurar as vozes, os instrumentos e as pausas para o próximo festival. Como Norberto Sousa afirma, fazer parte da Azeituna” é um desafio de fazer sempre mais e melhor em prol da organização, da universidade e da região que representamos”.
Já passa da meia noite e, sobre o lema de união e amizade, termina mais um ensaio. Por hoje, não cantarão nem tocarão mais. As vozes e os instrumentos voltarão a ecoar ao longo de todo o corredor, no próximo ensaio.
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Reportagem: Angélica Dias e Tânia Quintas
Fotografia: Rute Pires