Dois anos depois da cidade de Guimarães ter recebido a Capital Europeia da Cultura (CEC), o evento continua a dar que falar nas ruas do berço de Portugal. O balanço destes últimos dois anos é esclarecedor: o setor cultural adquiriu outra importância.

Graças à consagração de Património Cultural da Humanidade, pela UNESCO, em 2001, a cidade já tinha alguma visibilidade. Entre 2002 e 2011, a capacidade hoteleira registou um aumento em 65 pontos percentuais, segundo o Relatório Final da Fundação ‘Guimarães 2012’. No entanto, no ano de 2012, dá-se uma viragem.

O turismo marcou Guimarães. As recorrências aos postos de turismo vêm aumentar em 106,7% o seu número de utilizadores, sendo mais de metade concretizadas por espanhóis e franceses. Neste período, o Paço dos Duques de Bragança e o Museu Alberto Sampaio obtêm mais de 500 mil visitantes.

No setor comercial, houve, igualmente, uma reviravolta. O consumo médio por pessoa rondou os 37 euros e os gastos totais para os turistas, participantes nas atividades da CEC, rondaram os 243 euros. Este impacto no comércio tradicional prolonga-se nos anos seguintes devido, essencialmente, à atividade turística.

Economico-financeiramente, o impacto mostrou-se, de igual modo, significativo. A ‘Fundação Guimarães 2012’ recebeu mais de 21 milhões de euros, provenientes dos fundos comunitários, juntamente com 744 mil euros, provenientes de iniciativas privadas, merchandising, mecenato, espetáculos diversos. No seguimento desta lógica, mais de 85 milhões de euros contribuíram para o PIB nacional, sem esquecer a geração de mais de dois mil empregos.

Novos públicos aderem à sua oferta; o número de visitantes alemães e belgas aumenta significativamente.

Outras motivações surgiram. Segundo o Orçamento Municipal proposto para 2015, serão destinados mais de seis milhões de euros para a cultura.

De acordo com um inquérito realizado pelo ‘ComUM’, atualmente, os vimaranenses pouco sentem a CEC em si. Apenas oito dos vinte inquiridos afirmaram estar dentro do espírito cultural de Guimarães.

CEC: o início de um projeto revolucionário

A cidade vista como o “berço de Portugal” começou a sua candidatura a esta prestigiosa distinção em Outubro de 2006, em concorrência com Maribor (Eslovénia).

Um ano depois, já tinha sido criado um Grupo de Missão, que iria preparar a candidatura de Guimarães, e já tinham sido feitas várias reuniões e entrevistas. Entregue em Bruxelas em abril de 2008, a candidatura foi aceite pelo painel de seleção. A avaliação e monitorização do impacto dos eventos foram entregues à Universidade do Minho.

Em janeiro de 2012, abria-se o ano com uma cerimónia oficial no Pavilhão Multiusos, e uma projeção multimédia no Toural de grande dimensão, no coração de Guimarães. Ao longo do ano em que o projeto decorreu, foram realizados mais de seiscentos espetáculos e iniciativas, estimando-se que cerca de dois milhões de pessoas visitaram a cidade devido aos eventos da CEC 2012.

Hélio Carvalho e Pedro Ribeiro