Considerado um dos maiores nomes do modernismo português na literatura, Herberto Hélder faleceu na passada segunda-feira, 23 de março, com 84 anos. O seu legado cá ficou, com a recetividade do público e as edições esgotadas. O reconhecido crítico literário Pedro Mexia chega a colocá-lo na mesma posição de Fernando Pessoa.

A sua postura longe das luzes da ribalta constitui uma marca que o distingue de outras personalidades da cultura. O autor, que publicava poucas edições dos seus livros, chegou a recusar o prémio Pessoa.

Desde o lançamento do seu primeiro livro, em 1958, ‘Amor em Visita’, Herberto Hélder adotou o ofício literário para o resto da vida. A partir daí, emergiram, entre dezenas, obras como ‘Passos em Volta’ (1963), ‘Photomaton e Vox’ (1979), ‘Servidões’ (2013) e ‘A Morte Sem Mestre’ (2014), com sucessivas edições. Dos vários temas abordados ao longo da obra, sobressaem a vida e a morte, a poesia associada ao conhecimento e à magia no olhar do mundo.

Ao longo da sua vida, destacam-se outras atividades para além da escrita. Após estudar na Universidade de Coimbra, ciclo de estudos que ficou incompleto, o poeta, no meio de funções diversas, foi funcionário da Caixa Geral de Depósitos e agente de publicidade. Dada a sua condição precária, decidiu, então, mudar de vida, o que o impulsionou a emigrar para França, Holanda e Bélgica, com profissões ligadas à hotelaria e à restauração. Publicados os primeiros escritos, é repatriado, em 1960. Apesar da morte, os textos irão manter vivo o contributo para a cultura portuguesa.