Esta sexta-feira, dia 27 de março, comemora-se o Dia Mundial do Teatro. Esta arte, surgida como ritual de homenagem ao deus Dionísio da Grécia Antiga é, nos nossos dias, profissão para uns e hobbie para outros. Para celebrar a data, o ComUM esteve à conversa com profissionais e amantes da área.

Confrontados com o papel do teatro nas suas vidas, as respostas obtidas foram similares. Todos consideram o teatro um refúgio, um lugar onde se sentem mais verdadeiros e completos.

A aluna do 1.º ano de Ciências da Comunicação, Matilde Quintela, e membro da companhia “Nova Comédia Bracarense”, reencontra o seu eu no teatro: “levo sempre pedacinhos dos seres que fui comigo, e de todos esses macabros retalhos nasço eu, um bocadinho mais completa de cada vez que acolho um personagem”.

Na perspetiva do encenador e professor de Técnicas de Expressão da Licenciatura em Ciências da Comunicação da Universidade do Minho, José Miguel Braga, no teatro aprende-se “a respirar, (…) a falar e a considerar os outros. [Ganha-se] alguma confiança e um certo sentido do corpo, do corpo do ator, bem entendido. O teatro nasce, cresce, acontece e desaparece. Tal como nós ou como tudo”, sublinha.

Catarina Castro, aluna da UMinho e atriz na companhia “Sol d´Alma”, revela que o mais difícil é “ter a capacidade de esquecer tudo o que existe do lado de fora do palco e entrar no mundo da personagem a que vamos dar vida”. “Por vezes, as coisas aparentemente simples podem ser as mais complicadas de colocar em prática”, acrescenta.

“O palco é o meu templo”, declara. “É no palco que as situações mais incríveis e primárias do mundo acontecem. Pensar nisso transmite-me uma sensação indescritível”, continua.

O cuidado e atenção constantes que devem estar presentes nas luzes, nas músicas e nos cenários são apresentados pela Carolina Simões, cofundadora do GATOA (Grupo Amador de Teatro e de Outras Artes) de Figueiró dos Vinhos. A atual estudante de Ciências Farmacêuticas na Universidade de Lisboa confidenciou que já entrou em palco com o cenário errado.

Mas as peripécias não ficam por aqui: Matilde Quintela declarou já ter rasgado a perna, em plena atuação. Apesar de tudo, admite que “o teatro é das mais verdadeiras formas de magia que existe na Terra: é ser-nos dada uma vida, e nós escolhermos viver muitas.”

Quando interpelado quanto ao futuro do teatro, José Miguel Braga diz que este “será exatamente o que antes fora. Imprevisível, dependente, em crise, ausente e subitamente explosivo. Não é possível acabar com o teatro”.

Reportagem de Florbela Caetano e Maria João Costa