Os estudantes da academia minhota com o pagamento das bolsas de estudo em atraso receberam as prestações durante o dia de ontem. A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) fez a denúncia na semana passada e as bolsas aprovadas foram pagas no dia seguinte.

A AAUM, preocupada com as dificuldades de ordem financeira atravessadas por centenas de estudantes bolseiros, alertou, no dia 9 de abril, para o atraso no pagamento das bolsas de estudo, aprovadas em fevereiro pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), e dos respetivos retroativos. Segundo o presidente da AAUM, Carlos Videira, também “foram suspensos os pagamentos de bolsas que estariam em reanálise, ou em revisão através do processo simplificado”.

Para além dos atrasos verificados a nível nacional, o processo de atribuição das bolsas de estudo causou outros problemas no decorrer do presente ano letivo. Durante semanas, a plataforma de gestão do processo esteve bloqueada, um problema ainda por resolver, levando ao atraso na análise de milhares de processos de bolsas de estudo.

A AAUM relembrou ainda a promessa do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, no dia 24 de março, em Braga, de que “todas as bolsas passariam a ser pagas num dia fixo, tal como outras prestações e apoios sociais concedidos pelo Estado”.

Contactada por vários estudantes, a DGES justificou o atraso explicando que “as verbas não foram suficientes para pagar a todos os estudantes”, não havendo uma data prevista para efetuar os pagamentos. O presidente da AAUM afirmou que, na UMinho, uma aluna bolseira apresentou queixa: “Tivemos contacto direto com uma estudante que nos permitiu conhecer melhor este processo, visto que ela própria já tinha procurado esclarecimentos junto dos Serviços de Ação Social da UMinho (SASUM) e da DGES”.

Perante a denúncia, o Gabinete do Ministro da Educação e Ciência informou que as bolsas de estudo tinham sido pagas nesse mesmo dia. O atraso no pagamento manteve-se nos dias seguintes, uma vez que os estudantes apenas receberam uma mensagem via telemóvel a informar que o pagamento seria realizado no prazo de três dias úteis.

Carlos Videira explicou que os estudantes devem “receber todas as prestações” até dia 15 de abril. Os pagamentos efetuados são até ao mês de março, não englobando a prestação referente ao presente mês de abril.

O estudante minhoto acredita que “a intervenção da AAUM e o impacto que a notícia teve em vários órgãos de comunicação social foi fundamental para uma resolução mais célere”, assim como a colaboração dos SASUM e do reitor da academia minhota, António Cunha. Acrescentando que a rapidez com que o problema foi resolvido, após ter sido trazido a público, foi “muito importante para estudantes comprovadamente carenciados que ainda não tinham recebido qualquer prestação de bolsa e estavam a passar por situações de grande dificuldade”.

Marta Silva, estudante do 2º ano da licenciatura em Relações Internacionais, foi uma das centenas de estudantes afetados pelo atraso no pagamento das bolsas. “Esperei quatro meses para obter uma resposta, mas felizmente não senti grandes dificuldades”, explicou. Acrescentando que, caso a situação se prolongasse por mais tempo, colocaria em causa a “continuação dos estudos”.

Também a estudante do 1º ano da licenciatura em Biologia e Geologia, Diana Rodrigues, teve por duas vezes o pagamento da bolsa de estudo em atraso. “Pagar propinas, alimentação e alojamento sem a ajuda da bolsa é muito complicado de gerir”, afirmou.

Durante o presente ano letivo foram entregues, no total, 86676 requerimentos a nível nacional, dos quais cerca de um quarto foi rejeitado (21856) e 60190 deferidos. Na UMinho, dos 6558 requerimentos entregues, foram concedidas 5268 bolsas e 1265 rejeitadas.

 

Andreia Cunha

Matilde Quintela