“Jornadas.com” recebem reconhecidos profissionais do jornalismo e da publicidade
Centradas no online, durante dois dias, as “Jornadas.com” – XVIII Jornadas de Ciências da Comunicação – atraíram muitos estudantes ao auditório do Instituto de Educação que, ontem, ficou praticamente lotado. As sessões do segundo dia de painéis subordinaram-se às relações públicas, à publicidade e, ainda, ao jornalismo.
Marketing digital, redes sociais e marcas foram alguns dos temas debatidos da parte da manhã, num momento que contou com a presença de Vasco Marques, autor do livro “Marketing Digital 360”, Julinda Molares, especialista em “Personal Brandig”, e de Sofia Oliveira, responsável pela comunicação da marca Josefinas.
Augusto Fraga, o realizador que já trabalhou com personalidades como Cristiano Ronaldo, Mourinho, Rafael Nadal e, ainda, Paulo Bento, revelou parte do “making of” dos seus últimos anúncios publicitários, numa sessão mais prática, de mostra de trabalhos.
Na parte da tarde, as atenções recaíram sobre o jornalismo. A discutir as principais transformações do sector estiveram Victor Ferreira, coordenador de redação do Público, Miguel Conde Coutinho, do Jornal de Notícias, e Germano Almeida, da TVI24.
Começando por lembrar que o país perdeu mais de 1200 jornalistas, nos últimos sete anos, Victor Ferreira chamou a atenção para a crise do sector e para a necessidade de as empresas estudarem e valorizaram as tendências dos consumidores. Até porque, na sua opinião, “não é o jornalismo que está em crise, mas antes o modelo de negócio”.
Atento às transformações da indústria de media, o também estudante de um MBA na Porto Business School, sublinhou que “o bom jornalismo custa muito dinheiro”. Apesar das atuais dificuldades de sobrevivência das redações, que tendem a dispensar cada vez mais jornalistas, Vítor Ferreira reforça a necessidade de os órgãos de informação continuarem a ser capazes de zelar pelo compromisso que têm para com os leitores.
A propósito do reconhecimento profissional de um jornalista, o coordenador de redação do Público sublinhou que “não é a carteira profissional que faz um jornalista”, mas antes a experiência e desempenho.
“Gosto da minha profissão, mas não gosto do rumo que ela está a tomar”. É assim que Miguel Coutinho encara as transformações na área. Para o jornalista do JN, o mais importante para a sociedade não é o mero exercício jornalístico, mas sim a sua intervenção como um meio de “contrapoder”.
Já Germano Almeida, da TVI24, admite que “há princípios que se devem manter e, se calhar, recuperar”.
A recente proposta de lei dos partidos do governo sobre a cobertura jornalística das legislativas deste ano, agora em discussão, não ficou à margem destas jornadas. Atentos à atualidade do sector, os estudantes presentes confrontaram os jornalistas convidados com a problemática.
Da informação à imagem, o fotojornalismo encerrou os painéis das “jornadas.com”.
Na última sessão do dia, Rui Oliveira, fotojornalista da Global Imagens, e Alfredo Cunha, um dos fotojornalistas mais premiados em Portugal e autor das emblemáticas fotografias do 25 de Abril, que hoje se assinala, partilharam com os estudantes alguns dos seus trabalhos.
Neste momento, que serviu também de recontros, Rui Oliveira confessou que considera Alfredo Cunha o seu “pai da fotografia”.
Com mais de 130 países percorridos em trabalho, Alfredo Cunha encorajou os estudantes a perseguirem os seus sonhos, sublinhando, ainda, a importância da formação contínua: “Todos os jornalistas deviam tirar um ano sabático para reaprender”.
Num balanço da iniciativa, o presidente do GACCUM, Ângelo Cunha reforçou a importância das jornadas na criação de oportunidades de contacto entre o estudantes e profissionais do sector.