A Go Youth Conference, evento sobre empreendedorismo e inovação, decorreu nos dias 18 e 19 deste mês em Lisboa. O evento alcançou, em 2015, a 4.ª edição, com 15 dos mais bem sucedidos empreendedores internacionais, entre CEO´s e responsáveis de empresas, que lançaram os seus projetos antes dos 20 anos. Todos vieram a Portugal partilhar as suas experiências para uma plateia de cerca de 400 jovens portugueses.

Há alguns anos, estes jovens assumiram responsabilidades e riscos. Estes jovens nasceram ou tornaram-se empreendedores? O empreendedorismo é um “dom” ou é algo que pode ser ensinado nas escolas e universidades?

A capacidade de criar um novo projeto obriga à existência de características inerentes à personalidade do próprio indivíduo. A capacidade de iniciativa, de resolução de problemas, de orientação para objetivos, de autoconfiança e a procura constante de desafios e oportunidades. A criatividade tem, também, um papel importante. Quem identifica oportunidades mais facilmente, gera mais inovação.

No entanto, convém não esquecer o contexto onde estamos inseridos. O medo de falhar leva muitas pessoas a não desenvolverem a sua ideia, em parte devido à conotação negativa na cultura portuguesa (falhar é significado de problemas financeiros, perda de reputação e desilusão pessoal). Pelo contrário, nos Estados Unidos da América, o fracasso é visto como uma oportunidade de melhoria.

Por outro lado, o que é que pode ser ensinado? Há um conjunto de ferramentas técnicas e de gestão de um negócio que têm que ser apreendidas, como as formas de financiamento disponíveis, as obrigações legais e financeiras a cumprir, a estratégia de marketing e a gestão de recursos humanos.

Mas, existe educação para tal? Existe educação para e sobre o empreendedorismo? Para uma verdadeira aposta nesta área é preciso mudar mentalidades. É precisa uma maior abertura dos cursos para que tal seja possível. O empreendedorismo tornou-se uma das prioridades da Comissão Europeia, estando em crescimento na maior parte dos países, segundo um estudo da União Europeia em 2012. Nesse ano, a Comissária para a Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude, Androulla Vassiliou, frisou a necessidade de “promover uma verdadeira alteração das mentalidades na Europa para favorecer o empreendedorismo, começando por promover esse espírito desde os níveis precoces de educação.”

Em alguns países da Europa, o empreendedorismo é reconhecido nos programas de educação primários onde se aprendem atitudes e capacidades como a criatividade e a capacidade de iniciativa. Em Portugal, o processo vai correndo lentamente. Destaca-se uma escola do sul do país, onde os alunos do 4.º ano aprendem lições para se tornarem jovens mais proativos na sociedade, como noticiado no Jornal de Negócios.

Assim, torna-se necessário o desenvolvimento de soft skills desde o ensino básico, a aposta na criação de uma ponte entre o contexto académico e profissional e o combate à desinformação que existe face ao conceito de “empreendedorismo”. Convém, ainda, aprender a olhar para o erro como uma oportunidade de melhoria e não como um fracasso porque, como dizia Theodore Roosevelt, “o único homem que nunca comete erros é aquele que nunca fez alguma coisa.”