Tradições reinventadas: aliar a criatividade ao que é português
No mundo atual, ser original é o passaporte para o sucesso. Mas será necessário ir tão longe para descobrir este “modo de vida”?A resposta é fácil: “Não!”. O que é nacional pode também ser um mecanismo para a criatividade e a prova disso são artistas com talento em áreas distintas, mas o mesmo gosto pelo original e pelo que é português. Procuram recriar as tradições portuguesas, que são património, que são lembranças jamais esquecidas, que são parte do sentimento de uma nação. Desde a joalharia à papelaria, a sua “missão” não é estragar a integridade da história, mas remetê-la para uma modernidade criativa.
Artistas de sucesso
Desde a joalharia à papelaria, a sua “missão” não é estragar a integridade da história, mas remetê-la para uma modernidade criativa.
A Weproductise é uma empresa cujo trabalho alia tecnologia e eco-design, contando já com cinco marcas distintas. No ano passado a empresa criou uma coleção de filigrana portuguesa feita de biomateriais impressos em 3D, resultado de “uma investigação cuidada na procura de símbolos e identidades do povo português”, explica o criador da Weproductise, António Mota Vieira. Além do PLA, bio-plástico usado na impressão 3D, a madeira e a cortiça são também utilizados na coleção de bijuteria que deu origem à marca Alicato. Em qualquer das marcas da empresa, António Mota Vieira considera que “a identidade nacional é um valor de base indiscutível”.
Sílvia Abreu, designer de Vila Verde, bebe inspiração no que é português para os produtos de papelaria da sua marca “Bicho Bravo”. Nestes, reproduz os tradicionais minhotos lenços dos namorados. Alguns dos produtos disponíveis são lápis, canetas, cadernos, jogos didáticos, entre outros. Não só os lenços de namorados servem de inspiração, havendo lugar para as típicas expressões populares portuguesas ou a figura dos farricocos associada à Semana Santa que foram retratadas nos produtos da marca.
Um espaço para o luxo
Neste mercado de reinvenções, há também lugar para os produtos de luxo. A SYO- Luxury Product Design é uma marca portuguesa que tem como objetivo revolucionar este mercado.
A designer responsável por esta marca é Sylvie Castro que expressa neste projeto o seu “sonho de menina”, como afirma a própria, e criar uma marca com a sua identidade. Assim nasceu a SYO – Luxury Product Design.
As suas criações, para além de exclusivas, são 100% nacionais, desde o conceito, “totalmente inspirado em tradições portuguesas”, à própria técnica, esta bastante ancestral, denominada filigrana nacional, em que os trabalhadores desenvolvem a peça manualmente, enrolando filamentos da espessura de um fio de cabelo.
O nome das coleções remete, também, para a tradição: “Descobrimentos”, “inspirada nos heróis nacionais” e “Fado” que remete o público para a realidade portuguesa do “espirito de saudade” são alguns dos nomes. “Em todas as coleções tento ir buscar ideias e conceitos muito portugueses!”, salienta Sylvie Castro.
A designer destaca a peça “Jóia de vestir”, apresentada recentemente no Hotel Meliã em Braga, como uma peça inovadora. É uma jóia de prata banhada a ouro que envolve todo o corpo feminino, decorada com elementos diversos. “Toda a peça está em volta do ícone da chave”, como afirma Sylvie, explicando que o elemento “chave” é bem português, uma vez que está presente no lenço dos namorados e “relaciona-se com o feminino, pois a mulher é misteriosa e está relacionada com o mundo dos segredos”. A peça em breve será apresentada em televisão e a designer promete que o público irá ficar surpreendido tanto com o conceito, como com a sua complexidade.
Estes são apenas alguns dos vários artistas empreendedores portugueses que valorizam e dão nova vida a tradições artesanais com anos de história, aliando a modernidade à portugalidade.
Reportagem: Inês Viana e Tânia Quintas