A academia minhota assinala hoje, dia 23 de abril, o primeiro aniversário do acidente que vitimou três estudantes da licenciatura em Engenharia Informática da UMinho, com uma homenagem simbólica.

A memória dos três jovens, João Pedro Vieira, Nuno Ramalho e Vasco Rodrigues, foi lembrada com uma missa na Igreja dos Terceiros, em Braga, que contou com a participação da Tuna Universitária do Minho e da Gatuna – Tuna Feminina Universitária do Minho.

A Associação Académica da UMinho (AAUM) convidou também todos os estudantes a deixar uma flor branca junto ao Prometeu, local simbólico para todos os alunos minhotos, de forma a lembrar a memória dos colegas que faleceram no acidente.

“Tristeza”, “pânico”, “surpresa” e “revolta” são as palavras utilizadas pelos jovens para descrever o acidente que, há um ano, pôs em choque a academia minhota. Salomé Soares, estudante do 2º ano de Psicologia, recorda o que sentiu naquele dia: “Fiquei revoltada com aquela situação porque podia ter acontecido a mim ou a qualquer outro colega”.

Os alunos da UMinho recordam também os telefonemas e as mensagens que receberam ainda antes de tomar conhecimento do acidente. “Lembro-me que a minha primeira reação foi ligar a televisão para tentar saber ao certo o que tinha acontecido”, recorda a jovem do 3º ano da licenciatura em Direito, Cláudia Moreira. “A informação rapidamente se espalhou”, afirma João Araújo, na altura estudante do primeiro ano de Engenharia Física, e frequentador do local onde ocorreu o acidente.

Cláudia Moreira referiu ainda a principal memória que tem depois do acidente: “Ficou-me bastante marcada a forma como toda a academia se uniu e homenageou os colegas, e acho que demonstrou o porquê de nos considerarmos a melhor academia do país”. João Araújo considera que a UMinho “se adaptou à situação e é algo que todos guardam um bocado para si”.

A 23 de abril de 2014, a queda de uma estrutura de cimento nas imediações da universidade provocou a morte de três estudantes da academia minhota. As vítimas eram alunos da licenciatura em Engenharia Informática e tinham idades compreendidas entre os 18 e os 21 anos. Do acidente, resultaram também quatro feridos.

Após o acidente, as equipas técnicas da Câmara Municipal de Braga e da UMinho, juntamente com a Polícia Judiciária, estiveram presentes no local para averiguarem as causas da queda da estrutura de cimento, sobre a qual se encontravam os jovens nesse dia.

A estrutura, comummente designada por “muro”, tinha sido feita para alocar caixas de correio de um dos prédios da zona residencial onde ocorreu o acidente. O condomínio pronunciou-se dizendo que, em 2009, tinha avisado a Câmara de Braga do risco de derrocada da estrutura.

A Câmara Municipal de Braga, por sua vez, garantiu que a estrutura que ruiu não era da responsabilidade da autarquia.  O presidente do município, Ricardo Rio, esclareceu que a tutela da peça de mobiliário urbano pertencia ao condomínio do prédio e as queixas que deram entrada na Câmara não se reportavam àquela estrutura em concreto.

Um estudo encomendado pela Câmara de Braga à UMinho apontou o excesso de peso e o uso abusivo da peça de mobiliário urbano como as causas da derrocada. Os resultados foram divulgados cinco meses depois do acidente e descartaram a possibilidade de uma enxurrada ou deficiência estrutural da peça.

O relatório de perícia, desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Civil da UMinho, referiu ainda que a estrutura, feita em cimento e tijolo, não tinha sido construída para aguentar com o peso de várias pessoas. Uma conclusão que responsabilizava os estudantes pelo acidente, não existindo provas concretas do sucedido.

Um ano depois, a estrutura foi removida, mas as circunstâncias do acidente estão ainda por apurar. Segundo o presidente da AAUM, Carlos Videira, o processo está a ser investigado pelo Ministério Público que está a recolher e a analisar toda a informação relevante. “Neste momento devemos aguardar pelos resultados dessa investigação para não retirarmos conclusões precipitadas”, afirma.