Natural de Lisboa, iniciou a carreira musical aos 14 anos, quando fundou os “Dinastia” com um grupo de amigos. Depois do sucesso do primeiro álbum, “Skill Respeito & Humildade” lançado em 2010, Dengaz já conquistou um lugar no panorama musical português. Protagonista dos êxitos “From The Heart”, “Encontrei” ou “Em Casa”, o artista, que já pisou o palco dos principais festivais de verão do nosso país, esteve sexta-feira em Braga. Depois da atuação no Enterro da Gata, falou do percurso musical e paixão pelo Hip-Hop.

Qual foi a sensação de abrir a última noite do Enterro da Gata’15?
D
– Nós gostamos muito de estar cá! Tínhamos muita vontade de vir cá, no ano passado, o que, infelizmente, não foi possível. Por isso, este ano viemos muito entusiasmados. No início, confesso que ficamos receosos, mas no final saímos do palco muito felizes.

Como surgiu o Hip-Hop na tua vida?
D –
Foi de uma forma muito natural. Eu tinha 11 anos, quando comecei a ouvir Hip-Hop. Mas, antes disso, ouvia Rock. Ouvia “Guns N’ Roses”, que não tem nada a ver, mas que continua a ser a minha banda favorita. Depois, fui ouvindo Rap, e a “cena” foi entrando naturalmente. Depois, na escola, tinha um amigo que já fazia instrumentais, e eu comecei a escrever as minhas letras, em vez de ouvir apenas a música dos outros. Com 13 anos, escrevi a minha primeira música, edeitei-a e foi a primeira vez que a música passou na rádio. Obviamente, com 13 anos, aquilo foi brutal!

Hoje em dia, o que pensas do Hip-Hop nacional?
D –
Em termos de crescimento, está obviamente atrasado, como é normal em Portugal. Ainda assim, acho que está numa fase muito boa. Hoje em dia, temos Hip-Hop em festivais que são completamente “mainstream”. Há muito Rap e muito Hip-Hop, em muitos festivais, e acho que isso se deve cada vez mais à nossa geração, porque o pessoal ouve muito mais música em português. O público quer ouvir as nossas letras, o que nós dizemos, porque se identificam com as nossas músicas, e porque procuram nelas algo que os possa ajudar.

Nas tuas letras, revelas que o teu sonho sempre foi cantar. Sentes-te realizado enquanto artista português?
D –
Sim, sinto-me completamente realizado! Obviamente que à medida que vamos crescendo, vamos tendo outros objetivos. Por isso, não posso dizer que está tudo cumprido. Estou muito longe disso! Aliás, eu procuro sempre aproveitar tudo o que conquisto, até porque se há uns tempos me dissessem que eu ia chegar aqui, eu não acreditava. Mas a verdade é que consegui e que quero conseguir muito mais!

Esta noite atuaste para um público jovem, a maioria na faixa dos 20 anos. Quem era o Luís Mendes aos 20 anos?
D –
[Risos] Bem, com 20 anos eu já era um bocadinho assim… Quer dizer, já queria fazer da música a minha vida. Andava a fazer as minhas músicas e a tentar fazer com que elas chegassem mais longe. Acho que já era o Dengaz de hoje, mas com menos reconhecimento.

Tinhas 14 anos quando formaste a tua primeira banda, a “Dinastia”. O que é que preservas desse grupo e dessa fase musical?
D –
Mantenho a vontade de cantar! Mantenho, também, um dos membros desse grupo, que é o meu primo, o meu técnico de som… É muito bom ver que o pessoal que me acompanha desde sempre continua aqui. Mantenho contacto com todos eles e guardo, desse tempo, muitas recordações engraçadas.

Os minhotos estão curiosos. Por quê o nome “Dengaz”?
D –
“Dengaz” vem de um nome angolano, “Kandengue”, que significa “puto”. Na altura em que me deram esse nome, muitos dos meus amigos eram mais velhos e todos me chamavam assim. Como era um nome muito complicado, passou para “Denga” e, mais tarde, adaptei para o mundo da música. E, acabou por ficar “Dengaz”.

“Em casa tinha amor e stress, de quem veio do zero e sem nada ergueu um castelo”. A frase é de uma das tuas letras. Ainda vives nesse “castelo”?
D –
Sim, sem dúvida! Hoje em dia, vivo. Vim do zero, porque os meus pais conseguiram construir tudo com muito trabalho. Mas, esse castelo encantado tem dois sentidos: o meu, que eu construí, e o dos meus pais, que tentaram construir para mim. Foi um tributo de agradecimento pelo esforço e pelo trabalho deles, para me darem uma vida melhor.

Finalmente, e para quem ainda não segue as tuas músicas, desafio-te a apontar uma razão para começarem a ouvi-las.
D –
A minha música é feita com verdade. É a minha música! A única coisa que eu posso dizer é todos ouvirem. Se gostarem, ótimo, mas se não gostarem, ótimo na mesma. Oiçam, só não falem antes de ouvir, porque aí estarão errados de certeza.