De dançarino a produtor musical e DJ, Mastiksoul conta já com 23 anos de carreira. Com várias festas académicas no percurso, este domingo foi a vez de subir ao palco do Enterro da Gata, para um dos concertos que mais aprecia. Em entrevista ao ComUM, antes da atuação, em que estreou uma música, falou da vida profissional frenética, e do percurso até conquistar o reconhecimento do público.

Quais são as expetativas para esta noite?
M: Estou muito contente, é uma grande honra estar aqui! Tenho muita música nova e uma delas vou estreá-la hoje. Estou muito ansioso, sei que a malta desta zona faz muita festa e sinto que a energia é top.

Por que decidiste estrear uma música nova hoje?
M:
Eu acabei a música ontem e, para mim, não há melhor sítio para experimentar uma música nova do que em Braga.

O repertório de hoje está adaptado ao público aqui presente?
M: Mais ou menos… O que tenho de novo e que se adapta aqui vou apresentar. Tenho muitas músicas que não se adequam ao ambiente daqui e outras que se vão adaptar na perfeição. Eu faço baladas e não vou tocar uma balada aqui. O público vai-me atirar laranjas e cervejas.

Por se inserir numa festa académica, sentes que esta atuação vai ser diferente das outras?
M: Sim, as atuações neste tipo de eventos são diferentes daquelas que estou num club. Quando vou a festas académicas é a loucura total! Gosto mais, e é pena que não haja festas académicas todos os dias.

Quanto tempo é que achas que vai demorar para levar o público ao auge?
M: Essa é uma pregunta muito difícil. Eu vou dar o meu máximo, mas nem sempre o público percebe o que estamos a fazer. Cabe-me a mim estar lá em cima e trabalhar.

Numa palavra como podes classificar o teu trabalho, a tua música e o espetáculo de hoje?
M: Único.

Como surgiu o gosto pela música e como percebeste que era isto que querias fazer?
M: Eu já estava mais ou menos envolvido na música. Nos anos 80, era dançarino, mas depois a dança já não me movia. No entanto, não me queria desligar da música. Quando começou a onda de “acid house” e das “raves”, eu vi aquilo e disse “wow”. De repente, estava dentro da música e continuei. Foi só uma transição entre a dança e a produção musical. Adorei essa fase, eu tocava e gostava do que fazia, mesmo sem entender nada do assunto.

Foi difícil chegar até aqui e ganhar o reconhecimento do público português?
M: Foi, não é fácil. São muitos anos e, às vezes, as pessoas não percebem que as coisas não se conquistam de um dia para o outro. É preciso construir, trabalhar, saber ouvir, respeitar e ter muita calma. As coisas vão crescendo pouco a pouco. Mesmo os jovens querem tudo para amanhã, pensam que as coisas acontecem assim, da noite para o dia, e isso não acontece em nada na vida. É preciso não ter pressa, porque as coisas acontecem naturalmente.

Depois de chegarmos ao topo e sermos reconhecidos, o que é necessário para nos mantermos no topo?
M: Não dormir, o segredo é não dormir porque camarão que dorme, a onda leva. Eu trabalho literalmente 24h por dia. Durmo três, quatro horas por dia, e só tiro uma semana de férias por ano.

De onde surge a inspiração para a música?
M: Sento-me no estúdio, bebo um copinho de vinho tinto e converso com os amigos. Muitas vezes é a cena do momento. Às vezes, acordo a meio da noite, corro para o estúdio e estou ali meio ensonado, mas a ideia já está no papel. No dia seguinte, é só trabalhar essa ideia. Muitas vezes é uma porcaria, foi só um sonho.

É fácil ser DJ em Portugal?
M: Nem por isso. A malta em Portugal é muito exigente e está sempre a reclamar. Para o povo português está sempre tudo mal, por isso não é fácil. Mas, quando funciona é bonito, porque estás a tocar para o teu público. Eu adoro tocar em Portugal.

O que te distingue dos outros DJ’s?
M: Eu não sou melhor que ninguém, mas aquilo que me distingue é a minha originalidade. Tenho o meu toque pessoal, em termos de produção musical, produzo as minhas próprias músicas e tento ser diferente. É preciso ouvir outras coisas e tentar trabalhar vários estilos. Não sou melhor, sou simplesmente diferente. Acho que não há nenhum DJ em Portugal que tenha feito tanta música como eu.

É diferente atuar para o público português em comparação com o público estrangeiro?
M: É muito diferente sim, mas não é preciso ir muito longe. No Algarve é um som e no norte é outro.

Quais são os teus principais projetos para o futuro?
M: Tenho muitos, mas ainda não posso falar. Já este mês, vão começar a sentir o que se vai passar. Tenho muita coisa que até nem sei por onde vou começar.

Algum projeto que possas revelar?
M: Não posso. Apenas posso dizer que vou ter muita música de vários géneros.

Que conselho podes deixar aos jovens que querem ser DJ’s?
M: Acima de tudo, é importante gostar do que se faz. É essencial que os novos DJ’s gostem do que estão a fazer. Depois, é preciso ter calma. Felizmente, o mundo não acaba amanhã e não há necessidade de querer tudo hoje.