Alunas do mestrado em Ciências da Comunicação, no ramo de Publicidade e Relações Públicas, Helena Alves e Joana Vale realizaram um semestre de Erasmus na cidade espanhola de Salamanca, concluído no fim de maio. Dos quatro meses, as duas estudantes contam a sua experiência e destacam alguns mitos que se criam da aventura de Erasmus.  

“No final de janeiro, chegamos a Salamanca com a bagagem cheia de expectativas e otimismo, mas também com algumas ideias pré-concebidas. Este não é um simples relato da nossa experiência Erasmus: com este texto vamos quebrar alguns mitos que estavam presentes na nossa mente e que certamente estão presentes na vossa.

Mito nº1: “A semana de boas vindas aos Erasmus é sempre a melhor”.

Acabadinhas de chegar à cidade universitária de “nuestros hermanos”, nada melhor do que sermos brindadas na nossa primeira aula com um caloroso “Bienvenidas al mundo real”, seguido de risinhos dos nossos colegas de turma, após termos dito que eramos Erasmus portuguesas. Um mau começo para aquilo que viriam a ser quatro meses recheados de novas experiências, muitas peripécias e estórias que vão ficar para a nossa história.

Mito nº2: “Em Erasmus não se faz nem se aprende nada na universidade”

Se acham que fazer Erasmus significa sair todos os dias, faltar às aulas e ter a vida facilitada, estão enganados. Aulas às oito da manhã, máximo de três faltas por cadeira, trabalhos semanais e mais do que um exame no mesmo dia foram constantes que nos acompanharam, ou mais propriamente, “aterrorizaram”. O ensino da Universidad Pontifícia de Salamanca exige um ritmo de trabalho imparável mas muito enriquecedor: tivemos a oportunidade de ter cadeiras muito específicas da nossa área e até do Marketing, além do facto de nos ter permitido assistir a uma das maiores conferências de Marketing de Espanha a preço zero. No entanto, se querem ter sucesso académico, aqui vos deixamos um conselho, gentilmente dado por duas das mais atenciosas colegas espanholas que tivemos: confirmem sempre a veracidade dos apontamentos que vos passam (aparentemente, é muito habitual a proliferação de apontamentos falsos).

Mito nº3: “Os espanhóis não são assim tão diferentes de nós”

Que bom era chegar ao CPII de manhã e sentir aquele cheiro a café e torradas… Bom também é chegar à nossa “facultad” e encontrar os nossos colegas a “desayunar bocadillos” de panado e croquetes de queijo, acompanhados por uma caña (que até se vende nas vending machines). Chegando à hora de almoço, deparamo-nos com a quase obrigatoriedade de fazer uma sesta na bem conhecida “hora de la siesta”, que vai desde as duas até às cinco da tarde e durante as quais todas as lojas e serviços estão encerrados. Passar uma tarde num shopping pode ser algo comum em Portugal, mas os salamantinos são fortes adeptos do ar livre e de passar tardes nos espaços verdes que ocupam mais de metade da cidade. Vamos ter saudades da sua descontração e de sermos tratadas por “cielo”, “cariño”, “hija” e “corazón”. A sua descontração estende-se até às formalidades: chamares “Profesor” a um professor em vez de apenas o seu primeiro nome garante-te gozo por parte dos teus colegas de turma.

Mito nº 4: “Os espanhóis só ouvem Reggaeton”.

Infelizmente, não nos vai ser possível quebrar este mito. É mesmo verdade. O reggaeton está em todo o lado: nos carros, nos cafés, nos supermercados e, claro, nas discotecas, onde em 2015 ainda passam a “La Bomba” e a “Gasolina” várias vezes numa noite. A salsa e a bachata são estilos de dança levados muito a sério por cá, sendo que nas discotecas é totalmente normal olhares à tua volta e veres toda a gente a agrupar-se em pares para dançar dramaticamente. Ainda hoje nos arrependemos de não termos aproveitado as aulas grátis de salsa para Erasmus… (ou não!). Aconselhamos a todos a noite espanhola e garantimos que saem com a música “El táxi” do grandioso Osmani Garcia na cabeça.

Mito nº5:“Fazer Erasmus tão perto do meu país não me vai trazer grandes mudanças”.

O que dizem das festas Erasmus e das amizades que se fazem durante o mesmo está longe de ser mito. Na “ciudad dorada”, as festas são constantes: Beer pong às segundas, festa Erasmus às terças, Karaoke às quartas, noite académica às quintas e, claro, as sextas e sábados à noite. O “Paniagua” é passagem obrigatória após um bottelon em casa de algum Erasmus (que muitas vezes nem conhecemos) e o único sítio onde podem ouvir boa música na noite de Salamanca, além do mais, é o melhor local para provar a típica “Agua de Valencia”, o elixir oficial de Erasmus. Dividir uma com alguém é quase um ritual entre Erasmus. Se há coisa que podemos dizer é que conhecemos pessoas de várias nacionalidades, desde a Califórnia até à China, passando pela Austrália, que nos revelaram que o português parece russo ou chinês quando falado. Em Salamanca, é carnaval todas as semanas, ou pelo menos assim parecia. Quando dois meses depois desta festividade ter passado, termos continuado a ver o Spiderman a beber cerveja, uma banana na Plaza Mayor ou homens vestidos de cheerleaders naturalmente a passear, alguém nos esclareceu que nas festas das faculdades é tradição todos irem mascarados. Conclusão: há festas das faculdades todas as semanas.

Mito nº 6: “Yo no creo en brujas…”

…Pero que las hay, las hay”. Em Salamanca reza a lenda que quem encontra a “ranita” na fachada da Universidade terá sorte. Se foi efeito da rã ou não, nunca iremos saber. A verdade é que esta cidade, com a sua arquitetura e beleza excecional, e as pessoas com quem partilhamos estes quatro meses, fizeram do nosso Erasmus uma experiência única e memorável a todos os níveis.”

Helena Alves | Joana Vale