Braga trouxe a Feira do Livro à rua e dividiu opiniões
A Feira do Livro, em Braga, decorreu do dia 3 ao dia 18 de julho, na Avenida Central, a custo zero. Esta festividade contou com as tradicionais vendas de livros e com uma série de outras iniciativas, como concertos ou tertúlias.
A tarde do passado dia 17 de julho estava solarenga e quente. Na Praça da República, os vendedores esperavam compradores atentos e à procura de agradáveis momentos literários. A isto acrescenta-se alguma esperança de poderem rentabilizar os gastos no aluguer da sua parte, bem como de trocarem ideias com os seus leitores.
No panfleto relativo à feira, encontrava-se um programa extenso, que prometia dinamismo e animação em vários pontos do centro histórico. Iniciando-se na tradicional venda de livros, seguiam-se as tertúlias, conversas, ou mesmo representações teatrais, exposições, concertos musicais. Entre outros locais, as variadas iniciativas tiveram lugar no Theatro Circo, na Arcada e na Praça da República.
Querendo perceber qual a reação do público aderente, o ‘ComUM’ procurou alguns clientes leitores, que colocavam a visão focada no saciar da sede literária. Maria de Fátima Coimbra, de 60 anos, qualificou a iniciativa como “ótima”, reforçando a mudança de local, considerando o sítio “muito mais central”. Sara, estudante da Universidade do Minho, de 22 anos, “viciada em ler”, visitou a feira como “mera espetadora” e exclusivamente “à procura de livros”, aproveitando para apontar a variedade da oferta, “para todos os gostos”.
Porém, os comerciantes já demonstram outra face. Ana, de 31 anos, menciona uma adesão “muito fraca”, um “feedback muito negativo”. Assim, aponta vários pontos fracos: a época do ano, as temperaturas elevadas, os “abusivos” encargos (“80% mais que o ano passado”), a organização da feira pela ‘InvestBraga’ ao invés de ser assumida pelo pelourinho da Cultura da autarquia ou por outras entidades culturais e a falta de informação nos panfletos. Uma questão também abordada é o horário de encerramento da venda dos livreiros. Ana acrescenta que “se o concerto fosse às 21h00, as pessoas ainda tinham meia hora para comprarem os seus livros quando estão a vir embora”, explicando, por conseguinte, que “a tentativa de dinamizarem a feira dos livros com os concertos é infrutífera.”
Já Rui, de 59 anos, mostra uma visão diferente: apesar do calor, “a adesão das pessoas é interessante”. Comparativamente aos anos anteriores, opina: “penso que está melhor, mas creio que há várias coisas que podiam ser melhoradas”, “o calendário não é favorável”, “beneficiaríamos mais se estivéssemos no fim do mês ou na altura de aulas e se não estivesse tão quente.” Numa onda mais positiva, embora entendendo que poderiam estar mais refugiados, destaca a qualidade dos pavilhões, referindo serem “dos melhores do país”.
A vereadora da Cultura de Braga, Lídia Brás Dias afirma, em declarações ao ‘Correio do Minho’, corroborar aquelas opiniões. A mesma responsável cultural bracarense entende faltar “um trabalho mais atempado de programação entre a organização do evento e os livreiros para podermos chamar aqui aquelas que são realmente as novidades e o que pode ser um fator de atratividade para quem vem aqui comprar e está à espera de encontrar as obras mais recentemente publicadas ou mesmo de uma relíquia junto de um alfarrabista”.
Humberto Carlos, administrador da ‘InvestBraga’, empresa responsável pela organização da feira, ao mesmo jornal, já mostra uma visão diferente: entende tratar-se de um “grande salto qualitativo”. Refere ainda que “o evento registou muito maior qualidade e o melhor design dos stands – que são os melhores atualmente disponíveis em Portugal para a realização deste tipo de eventos e que apenas foram utilizados inclusivamente na Feira do Livro de Lisboa”.
Da parte da administração, à ‘Gazeta do Rossio’, aquando da abertura, Humberto indicava, inclusive: “em traços gerais, diria que temos todas as condições para posicionar definitivamente a Feira do Livro de Braga como uma das três mais importantes feiras de livros, que se realizam no plano nacional”. Tendo em conta as declarações obtidas dos nossos entrevistados bem como da vereadora da Cultura, estaremos a seguir esse caminho? Esperemos pela edição do próximo ano.
Maria João Costa e Pedro Ribeiro