Esta semana, cerca de 51 mil jovens correm ao portal governamental do acesso ao ensino superior para assim definirem um pouco mais o seu futuro. 

Recordo com o devido saudosismo a apreensão que aquele que vos escreve sentiu, há três anos, quando decidiu que era no jornalismo que via o seu futuro.

O jornalismo. Esse lugar tão mal frequentado.

Essa profissão que oscila sempre entre o heróico do repórter Tintim e o desprezo pelo sensacionalismo pegado. A mesma que nos filmes ainda aparece com redações cheias de fumo de cigarro e que raramente lembra o jornalista que numa mochila carrega aquilo que em tempos uma equipa fazia.

“Mas quê? Comunicação?”

Talvez devesse gravar a expressão de todos aqueles a quem disse que ia estudar Ciências da Comunicação quando, há três anos, tomei a decisão de o fazer. A expressão de quem já olhava para mim e já me via a ser mais um nos números do desemprego e que era logo substituída por uma gargalhada condescendente que dizia: “importa é estudar aquilo de que se gosta”.

Nunca um lugar comum fez tanto sentido para mim.

Todo o estudante de comunicação está ciente das dificuldades que um mercado precário e saturado representa. E, apesar disso, olha com esperança para o futuro. A todos aqueles que olham com desdém para um estudante de comunicação, convido-os a visitar uma sala cheia destes alunos e a apreciar os seus olhares.

Porque apesar das dificuldades, das decepções (porque também as há) e do vazio que o fim do ensino superior representa para uma grande parte deles, ainda se vê algo. Qual Galileu, qual quê. Todos sentem que algo ainda se move.

Esperemos que não estejam enganados.