É menosprezado. Dizem que está em crise, no entanto não é uma crise grega – dessa não vamos aqui falar. O sector cultural português vive com falta de apoio.

Falta de apoio ao trabalho cultural e artístico, sem peso, sem representatividade no seio do Conselho de Ministros, mas com cortes cada vez maiores no orçamento. Contudo, a falta de investimento não é a única causa desta crise cultural.

A falta de interesse e a consequente baixa taxa de participação em atividades culturais marcam o panorama cultural. Os portugueses vão cada vez menos ao cinema, às bibliotecas, aos museus, ao teatro e não tem grande interesse por ler um livro, de acordo com o inquérito do Eurobarómetro divulgado em Novembro de 2013 – são pouco ativos culturalmente. Mas qual é a razão? Perante esta questão, muitos diriam que é a crise económica e financeira, porque provoca uma quebra no consumo cultural. Porém, segundo o inquérito, a falta de interesse pelas atividades culturais é uma razão frequentemente apontada.

É uma questão de educação. Falta estimular o ensino cultural nas escolas, mas também sensibilizar os cidadãos através dos media. Contudo, o espaço pouco significativo ocupado pela cultura em Portugal parece equivaler ao espaço desta temática nos meios de comunicação e à reduzida aposta dos estabelecimentos de ensino. Além disso, à fraca oferta junta-se a escassa procura. Por isso, é importante também saber cativar o público.

A oferta não deve ser uma mera resposta à procura. Esta opção irá perpetuar a falta de procura e de interesse. E, num país em que a cultura não é vista como um bem essencial, a oferta deve promover o interesse e a valorização do sector. É preciso educar e formar os públicos. Até lá, a cultura continuará a sobreviver entre a falta de investimento e a falta de interesse.