Provavelmente, e sem querer, já deste por ti a abanar a cabeça ou mesmo a cantar ao som da música “King”, que pegou de assalto as rádios e que catapultou os “Years & Years” para o sucesso fora da Grã Bretanha. Desde a sua formação, em 2010, a banda formada por um trio de londrinos, encabeçada pelo carismático Olly Alexander, tem ganho muita atenção e carinho por parte do público adolescente. No presente ano, a banda ganhou o “BBC Sound of 2015”, esteve nomeada para o “Critics Choice” dos Brit Awards e actuou nos prestigiados festivais de Glastonbury, Reading ou “T in The Park”.

Depois do lançamento de um EP, os “Years & Years” deram a conhecer no decorrer deste último Verão o seu primeiro álbum oficial, denominado “Communion”. Um disco destinado a um público jovem, essencialmente marcado pelo synthpop e pop electrónico. Estreou em número um no Reino Unido e tem recebido críticas positivas pelos media especializados. A abertura do álbum é feita através do assombroso loop presente em “Foundation” que peca por não atingir um clímax.

“Real” foi lançado como primeiro single, mas não cativou os charts até ao lançamento do grande sucesso comercial que é “King”. Por mais que se possa contrariar, é a melhor música do álbum. Não há dúvida em afirmar que foi uma das músicas que mais marcou o ano de 2015, tanto a nível de streamings como nas rádios. Um verdadeiro hino dance.

A segunda música dada a conhecer foi “Take Shelter”, marcada por um ritmo agradável, mas que, a certo ponto, se torna um pouco repetitiva. Mas é preciso assinalar que a melhor bridge do álbum está aqui presente! Em “Gold” encontramos uma música bem conseguida, com variados momentos rítmicos, que conquista no refrão recheado de “ohohhh-ohh-ohhh”. “Worship” apresenta-se como uma das preferidas da sua já definida comunidade de fãs, mas não ganha em qualidade a “Shine”. Lançada, de forma inteligente, a seguir a “King”, esta música é o segundo sucesso comercial da banda, enquanto “Desire” é o momento mais “quente” do álbum, marcado por um prazeroso ritmo tropical.

Como pontos menos positivos de “Communion” encontramos “Border”, que passa despercebida. “Without” é a balada synthpop do álbum, com um ritmo mais suave e tranquilo que as restantes músicas. Infelizmente, algo ignorada, está “Ties”, que é mais um dos pontos altos do disco. Uma música aliciante com um refrão que fica na memória e que poderia fazer sucesso nas rádios.

O mais recente single da banda é “Eyes Shut”, talvez a música mais diferente de todo o álbum. Começa ao som do piano e depois ouve-se a voz característica de Olly totalmente camuflada. É a música mais introspetiva de “Communion”, marcada pela passagem: “Nothing’s gonna hurt me with me eyes shut/ I can see through them.”

O Reino Unido é um melting pot de estilos musicais, mas tem-se destacado muito em dar ao mundo excelentes bandas de synthpop como os veteranos “Pet Shop Boys” ou os mais novatos “CHVRCHES” e “The XX”. Neste mercado os britânicos são poderosos e os “Years & Years” surgem com uma imagem arrojada e excêntrica. Como álbum inicial, “Communion” não desilude, pois tem sido um sucesso de vendas (já cativou o público americano) e, musicalmente falando, está recheado de momentos dance bem conseguidos. Os “Years & Years” surgem como uma surpresa agradável na indústria da música e têm uma imagem/registo para singrar e marcar a sua posição nos próximos tempos. Uma passagem por Portugal deve ser quase certa no próximo ano!