Cafés cheios, cachecóis no ar e a alegria de uma vida por ver a equipa da terra a entrar em campo contra um histórico nacional. O resultado mal interessa, queremos é ver o Vianense a jogar. “Ó chefe, traga mais uma rodada!”
Este era o ambiente esperado quando o clube da cidade joga contra o Benfica. Mas, em Viana do Castelo, o centro histórico estava vazio. Alguns cafés fechados e, nos que estavam abertos, ninguém quer saber da bola. Cachecóis? Não se vê um.
Podem-se descrever os 90 minutos de jogo como um passeio pelo centro vianense. De café em café, pelas ruas e até no centro comercial, o Estação Viana, a sensação era a mesma: ninguém sabe que há jogo.
A televisão está ligada, mas ninguém lhe liga. Bem, minto. Há um homem sentado em frente ao ecrã a criticar o árbitro desde os primeiros minutos. “Já estão a roubar o pobre do Vianense”, diz ele. Mal acaba o seu café, por volta dos 19 minutos, sai e deixa o jogo.
Carcela vira-se e chuta para o 1-0. A única reação é do comentador da Sport TV.
Um homem, com os seus 60 anos, está impaciente enquanto mostram a repetição. O empregado está a demorar demasiado para lhe trazer um copo de Macieira, pedido uns minutos antes do golo. Chega o copo, olha por uns segundos para a televisão e continua a fumar o seu cigarro, sem qualquer desânimo ou festejo.
Na rua vê-se muita gente. Não há auscultadores nos ouvidos para ouvir o relato, nem uma camisola do clube que está a perder por um ao intervalo.
Uma multidão desloca-se para junto da Marina, perto do navio-museu Gil Eanes. Lá atrás percebe-se onde está a população minhota. Vruumm, Vrumm. Há rally em Viana e concentram-se centenas de pessoas nas bancadas. Serão provavelmente mais que os adeptos presentes em Barcelos para apoiar o Vianense.
O jogo caminha para o fim. Eis que, no Estação Viana, se reúnem uma dezena de pessoas para acompanhar o jogo pela televisão exposta na loja da NOS.
Chega-se à restauração pelo elevador. Os olhares são pouco atentos. Coulibaly, de longe, prende-lhes a atenção. Há dois ou três homens a gritar golo, nada de muito efusivo. Contudo, é o suficiente para ‘arranjar’ cerca de vinte pessoas interessadas.
Falta pouco para acabar o encontro. O jantar continua mas, desta vez, os olhos estão colados ao ecrã. Mas não é por muito tempo. Jardel salta, cabeceia e marca. Há dois homens indignados, mas levantam-se e saem.
O árbitro apita para o final e as ruas continuam iguais. O autocarro chegou a Viana do Castelo e tinha a cidade à sua espera. Andrés Madrid, treinador dos minhotos, é levado em ombros pelos adeptos.
Isto era, se não estivéssemos em Viana.
Outubro 18, 2015
Obrigado pela reportagem. Mas nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Terão escapado alguns cafés e restaurantes, nomeadamente perto da Praça da República, da marginal e da ribeira. E ter-se-á mesmo ido esperar a chegada da equipa? Bom trabalho e até breve!