Uma equipa do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), liderada pela investigadora Patrícia Maciel, identificou, recentemente, um fármaco- denominado citalopram - para o tratamento da doença neuro-degenerativa de Machado-Joseph - capaz de retardar os efeitos da doença.

Patrícia Maciel, juntamente com a sua equipa, descobriu um fármaco capaz de travar a doença Machado-Joseph, sendo que esta provoca nos seus portadores “um mau funcionamento dos neurónios e origina problemas de coordenação de movimentos, equilíbrio, articulação na fala e deglutição dos alimentos”, explica a coordenadora da investigação, Patrícia Maciel. Os sintomas vão agravando-se com o tempo, “levando o doente a usar cadeira de rodas e, em estado mais avançado da doença, a ficar acamado”.

A investigação, iniciada em 2011, estudou os efeitos do fármaco num ratinho transgénico – modelo da doença. Segundo Patrícia Maciel: “O tratamento no ratinho foi iniciado em simultâneo com o aparecimento dos primeiros sintomas, tendo-se observado resultados promissores após algumas semanas de tratamento, quer a nível de sintomas neurológicos quer das alterações patológicas no sistema nervoso.” A coordenadora da investigação ressalva ainda que “não se trata de um tratamento meramente sintomático mas sim modificador do processo de doença.”

A equipa de investigação pretende, agora, adquirir financiamento para a realização de um ensaio clínico em humanos, para o qual “são necessários cerca de 500 mil euros”. Até lá a equipa continuará a avaliar o fármaco, de forma a perceber melhor qual o mecanismo de ação na doença Machado-Joseph, bem como no contexto de outras doenças neuro-degenerativas com causas semelhantes.

O grupo de investigação liderado por Patrícia Maciel é uma referência internacional a investigar esta área, tendo já sido distinguido com o Prémio Rafael Hervada.

 

Inês Moreira e Sara Daniela