Partida de Groningen com destino a Braga. Pelo meio, viagem de carro até Bremen (Alemanha) e um avião para apanhar até ao Porto. Daí à ‘Cidade dos Arcebispos’, nem uma hora de autocarro. Matthijs Sorgdrager, jornalista holandês, 27 anos, está em Braga para acompanhar muito mais que 90 minutos de um jogo de futebol.
O verde inunda uma quinta-feira europeia na cidade bracarense. De Groningen chegam cerca de 650 adeptos para apoiar a equipa na 2.ª jornada da Liga Europa. Matthijs está em trabalho para o jornal regional Dagblad Van Het Noorden e segue-os. Para todo o lado. Do convívio no centro de Braga até à ida para o Estádio Municipal, tenta perceber o que esperam os holandeses deste jogo. “Alguns estão mais confiantes, outros menos. O Braga é melhor e eles esperam um empate”, conta.
Na última época, o Groningen ergueu a primeira Taça da Holanda da sua história. Um feito que garantiu a primeira presença nos grupos da Liga Europa. Nesta fase, Matthijs considera difícil o apuramento. “O Groningen tem boa equipa, bons jogadores como o Hateboer e o Rusnak, mas temos de ter sorte”.
As horas passam e o início do jogo está perto. Mas ainda há adeptos do Groningen em festa na Praça da República. O ComUM encontrou Matthew, de 41 anos. Com ele, mais 12 apanharam um avião de Bruxelas na quarta-feira, com destino a Braga. Voltam sábado. Pela primeira vez em Portugal, traz na bagagem um ponto de esperança. “Espero um empate e se conseguirmos seis pontos com o Liberec, teremos hipótese de seguir em frente”, afirma.
Matthijs Sorgdrader vai assistir ao jogo com o ComUM num café. Porquê? Quer perceber como os bracarenses vivem mais um duelo europeu. Pelo caminho, conta como os adeptos do Groningen sentem o clube, que não é, de perto, um dos grandes da Holanda. “Apoiam muito a equipa, mas muitos viram isto como uma viagem em conjunto, uma espécie de miniférias”.
Nos minutos que antecedem o jogo, Matthijs salienta o propósito do trabalho que o trouxe a Braga. “No jornalismo, o lado humano das histórias importa. Temos uma equipa que vem jogar a Portugal, com 650 pessoas no estádio quase todas vizinhas. A distância não é grande e penso que escrever da tua região junta as pessoas e torna o jornalismo original”.
O relógio marca 20h05 e o ComUM está sentado à mesa com Matthijs. No estádio, apito inicial e bola a rolar. No café, mãos à obra e os primeiros apontamentos junto dos adeptos ‘arsenalistas’. Porque, no fim do jogo, há uma peça a entregar para a edição impressa do dia seguinte.
Em campo, o Braga entra forte, marca cedo, domina a primeira parte e o intervalo chega com 1-0. “Muito mau para o Groningen”, atira Matthijs, sem disfarçar o fanatismo pelo clube da terra. Na segunda parte, o marcador não desata. A expetativa mantém-se. “O empate é possível, estão a jogar melhor que na primeira parte”, atira, em jeito de adepto.
Chegado o apito final do árbitro Bobby Madden, os três pontos ficam em casa. O Groningen continua a zeros e a missão complica-se. “Vai ser muito difícil agora”, acredita o jornalista. Jogo terminado e trabalho feito, é tempo de descansar. Tal como as centenas de adeptos holandeses, Matthijs segue para o centro da cidade no fim do jogo. Porque, na vitória ou na derrota, importa aproveitar a estadia num país que não o seu. “Amanhã (sexta-feira), parto ao fim da tarde. Antes trabalho um pouco, mas ainda espero conhecer coisas novas aqui”.
Reportagem: Ricardo Castro | Fotos: João Ribeiro