Quando, em 2012, lançaram as primeiras faixas online, talvez não esperassem que passados três anos estivessem com dois álbuns de estúdio e centenas de espetáculos pelo mundo inteiro na bagagem.
No entanto, foi isso mesmo que aconteceu. “CHVRCHES”, trio de synthpop escocês que tanta notoriedade ganhou neste último ano, chega-nos agora com o sucessor de “The Bones of What You Believe” (2013), álbum que os fez andar em digressão exaustivamente durante dois anos – com passagem em Portugal, na edição do ano passado do Festival Paredes de Coura.
Em entrevista, os membros da banda revelam que, com este recente estrelato obtido, tiveram muitas propostas para mudar o seu modus operandi – desde co-autores a produtores – mas decidiram mantê-lo e optar, mais uma vez, por um álbum totalmente escrito e produzido em nome próprio: “It’s all us, and we prefer it that way”.
O álbum começa em alta com os dois singles – “Never Ending Circles” e “Leave a Trace” – ambos com hooks cativantes, instrumentais com diferentes layers, e a voz de Mayberry a contrastar com a intensidade da instrumentação. Destaque também para “Clearest Blue”, com um óptimo build-up e com a voz a complementar muito bem os outros elementos. No entanto, esta primeira parte do álbum deixa-nos à espera de um clímax que acaba por nunca chegar.
No geral, faltam momentos com aquela pungência (tanto instrumental como lírica) que figuravam no trabalho anterior, uma certa violência que contrabalançava perfeitamente com a voz um pouco pueril de Mayberry – basta-nos pensar na canção “Lies”. Em detrimento dessa vertente, dão lugar a um lado mais pop, de mais fácil digestão. Notamos essa ausência em músicas como “Bury It” e “Playing Dead”, que, faltando essa vertente agressiva, se tornam apenas mais umas faixas pouco memoráveis.
Ao longo do álbum, a banda vai-nos guiando por momentos mais calmos, como é o caso de “Make Them Gold”, “Down Side Of Me” e “High Enough To Carry You Over” (desta feita com voz de outro membro da banda, Martin Doherty), mas em última instância, os momentos mais upbeat de CHVRCHES acabam sempre por ser melhor conseguidos que os mais lentos, com a parte vocal a deixar um pouco a desejar.
Em suma, verificamos que, apesar de alguns pormenores em falta, a identidade da banda está intacta. Qualquer das canções do alinhamento de “Every Open Eye” poderia figurar no alinhamento do disco de estreia, visto que a fórmula se mantém a mesma. Ora, não podemos dizer que isso é uma coisa necessariamente má. Está visto que a fórmula funciona – até certo ponto – mas ao repeti-la vezes sem conta nunca se tornará memorável, e corre-se o risco de cansar quem a ouve.
O som que nos apresentam é um pop com cunho próprio, bem trabalhado, uma produção bem concebida e focada no detalhe, mas com arestas ainda por limar. Assim, ficamos à espera – um pouco menos esperançosos, é certo – que seja o terceiro álbum que lhes cumpra o potencial.