Undertale. Um jogo com uma história tão complexa que cobre comédia, drama, suspense, surpresa, terror… Bem, cobre praticamente tudo. Trata-se de passarmos 10/15 horas emergidos numa história que nos leva numa montanha russa de emoções e que nos faz fazer parte dela mesmo que não queiramos. Um modelo a seguir no seu estilo – o estilo Indie.
Undertale oferece-nos um retro look, mas isso já não é surpresa, visto que o objectivo da indústria de jogos indie não é ganhar pelos gráficos nem pelo realismo, mas sim pelo resto. O jogo põe-nos na pele de uma criança que acorda num mundo povoado apenas por monstros. Durante a história percebemos que a única maneira de voltarmos ao nosso mundo é ir enfrentando os terríveis monstros que vão aparecendo, mas a tarefa não é fácil. Apesar disso, a viagem é, sem dúvida, bastante divertida, seja pelas personagens cómicas, por quem ganhamos bastante afecto, ou pelos diálogos cativantes. Isso tudo acaba por criar um debate mental: Será que a subida de volta ao mundo dos humanos vale a morte de alguns monstros? Ou haverá maneira melhor de resolver os conflitos?
O jogo é baseado num sistema de escolhas que irá influenciar a história e, consequentemente, o seu final. O jogo tem 3 finais diferentes: Um neutro, em que, usualmente, acaba por ser o primeiro playthrough do jogador. Este consiste em matar alguns monstros e salvar outros. O pacífico, em que o jogador tem que chegar ao fim sem matar qualquer monstro. E o No Mercy, em que o jogador tem que matar todos os monstros que lhe apareçam à frente. Aconselho a deixar este para último, visto que o jogo vai relembrar-nos do mal que fizemos nos outros playthroughs. Seguindo qualquer um deles, no fim, irá haver uma personagem que, partindo um pouco a quarta parede, nos irá dizer o que fez mal e nos dará a conhecer os finais ainda disponíveis.
O melhor do jogo? É um pouco difícil escolher por onde começar. Além de um gameplay que, apesar de ter a mesma base durante todo o jogo, não se torna de todo monótono, e da excelente banda sonora que controla o nosso estado de espírito, o design dá uma importância tão grande ao detalhe que cada personagem tem a sua própria personalidade e cada local o seu próprio ambiente. Apesar disso tudo, o seu apogeu é a storyline. Além de ser uma história profunda que nos deixa a pensar sobre o que é bom e o que é mau, é ao mesmo tempo tão leve que nos rimos a cada 5 minutos. Cada personagem tem algo a dizer, isto é, estão lá por uma razão e o conselho que vos dou é falar com cada um delas.
Depois de lhe tecer tantos elogios, penso que fica mal deixar “Undertale” passar sem uma pequena crítica. Em certas alturas, achei que o jogo está destinado a que certas coisas aconteçam e que não temos qualquer escolha sobre o futuro, retirando um pouco a nossa liberdade e poder de escolha.
Ainda assim, é um jogo que transcende a sua própria natureza. Deixa de ser simplesmente um jogo e ganha espaço na nossa vida e na nossa mente, pois começamos a ligar situações do jogo a situações reais. É, por isso, uma história que nos ensina. Finalmente, não podia acabar sem referir as excelentes puns que o jogo nos oferece, como quando um esqueleto diz: ”Hey, take it easy. I’ve gotten a ton of work done today. A skele-ton”.
Undertale
Edição e produção: tobyfox
Design: GameMaker: Studio
Plataformas: Windows e OS X
Data de lançamento: 15 de Setembro de 2015