Com a visão nublada pela mais recente actualização de Portugal na era tecnológica (Netflix), quando me dizem que tenho a oportunidade de escrever um editorial para o ComUM, chego à conclusão que não tenho nada para escrever.

Este novo “nevoeiro” que tem consumido as horas das minhas noites, talvez me tenha toldado a visão. Mas a verdade é que, qual D.Sebastião, este é novo Messias da religião dos adoradores de séries e filmes. Primeiro, porque traz uma facilidade de acesso que irá ajudar tanto o “hacker” adolescente, que já sacava filmes há anos, como a Tia Sandra, que pensa que um “tablet” só é bom quando é de chocolate preto. Segundo,  porque trouxe-nos também, resultante do seu excelente e eficaz algoritmo de sugestões, um robot que irá substituir as sugestões daquele amigo cinéfilo que toda a gente tem. que sabe a ordem cronológica de todos os filmes do James Cameron e o nome de todos os actores que fazem de “James Bond”. Apesar das boas sugestões, deixo o apelo para não deixarem de ler a secção de crítica do ComUM, visto que às vezes é preciso um toque pessoal e humano para o convencer a pegar num filme ou numa série que realmente vale a pena.

Por isso, quando o CEO da Netflix, Reed Hasting, diz que em 7 anos a Netflix irá estar na casa de 33% da população, eu aconselho a que 65% assine já para o próximo mês. 65%, porque pelos mais recentes dados da PORDATA, é a percentagem de pessoas que tem e usa internet em Portugal (Boa, ao menos nisso conseguimos estar a frente do Gana!).

Mas por outro lado, aquelas notícias que consegui focar no meio deste nevoeiro de séries e filmes, ganharam carácter extra por me chamarem à atenção.

A primeira advém dos mais recentes e horríveis acontecimentos na França. Depois de muito pânico e terror dos ataques à “City of Light”, a calma começa a instalar-se e, com ela, começam a noticiar-se as infelizes baixas da humanidade. Uma delas, Nick Alexander, responsável pela merchandising dos “Eagles of Death Metal”, a banda que estava a tocar no Bataclan aquando um dos ataques à famosa sala de espectáculos. A banda de rock americana,  e não uma banda de death metal de covers dos “Eagles” como dizia a CMTV, cancelou as restantes datas da digressão, incluindo até um concerto em Portugal. É uma decisão respeitosa, que é seguida por outras bandas como os U2 que, além de fazerem uma homenagem às almas perdidas, cancelaram o seu concerto em Paris por respeito ao povo parisiense.

A segunda aparece um pouco despercebida. A meio de Outubro David Fonseca inovou e, ironicamente, decidiu criar um “reality show” para assinalar o lançamento do seu novo álbum “Futuro Eu”. O “reality show” consistia numa live stream, no Youtube, de 24 horas, com vários convidados. O famoso actor Shia Labeouf, conhecido por gostar de deixar os “Navegantes da Internet” surpreendidos, após o seu último vídeo de motivação, rapidamente transformado em meme, decidiu fazer algo ao estilo de David Fonseca, mas aumentar a parada significativamente. No dia 10 de Novembro, o actor decidiu alugar uma sala de cinema e, durante 3 dias seguidos, ver todos os seus filmes. Mas não ficou por aí – decidiu ainda criar uma live stream durante os 3 dias com uma câmara apontada para si. O projecto chama-se “#ALLMYMOVIES” e os fãs foram convidados a juntar-se a ele no Angelika Film Center em Nova York. Para quem viu a stream teve direito a alguns momentos caricatos. Um deles, aquando o filme “Transformers 3”, Shia não escondeu sinais de vergonha, cobrindo os olhos e a boca acabando mesmo por adormecer a meio.

Algo que deve ter acontecido com a maioria das pessoas que viram “Transformers 3”.

Mas a verdade é que as celebridades têm usado formas cada vez mais criativas de publicitar os seus projectos usando as novas tecnologias, mostrando que também elas se conseguem adaptar à nova era tecnológica.

A terceira, para contrariar a triste notícia dos ataques em Paris, traz um carácter de felicidade e de excitação. A verdade é que ainda só se tratam de rumores, mas existem negociações para uma futura digressão em 2016 dos “Guns n’ Roses”. Mas depois do fiasco que foi “Chinese Democracy” quem é que os quer ver? Calma. A banda vai fazer uma digressão, mas com a novidade de Axl Rose, Slash e os restantes membros originais voltarem a pisar o mesmo palco e trazer temas marcantes dos “90’s” como “Sweet Child of Mine”, ou “November Rain”. São rumores, mas são rumores que nos enchem de entusiasmo e nos deixam a sonhar no que poderá vir aí.

Mas seja o atentado à humanidade, a adaptação à nova era ou o relembrar do passado, uma coisa é certa. Infelizmente nuns casos e felizmente nos outros, não será a última vez que iremos ouvir falar deles, pois o mundo não é feito de boas e más noticias. O mundo é feito da realidade que o cria.