Em abril de 2008 lançaram o seu primeiro, e único, álbum, intitulado “The Age of the Understatement”, e uma semana após o seu lançamento já era o álbum mais vendido no Reino Unido.

Depois do lançamento deste álbum, um dos mais completos e imponentes do indie rock, nunca mais ouvimos um álbum dos “The Last Shadow Puppets”, banda formada em 2007 e constituída pelos músicos Miles Kane e Alex Turner, vocalista dos Arctic Monkeys.

O acompanhamento que a ex-banda de Miles Kane, “The Little Flames”, fez num concerto dos Arctic Monkeys tornou possível a amizade entre os dois músicos e, posteriormente, deu origem a um álbum que considero, instrumentalmente, riquíssimo e original. Antes disso, Miles Kane chegou mesmo a participar em músicas dos Arctic Monkeys como “505”, “The Bakery” e “Plastic Tramp”.

A temática do álbum em si, e das músicas, mostra um lado mais sério de Alex Turner: as letras são escritas de maneira interessante e retratam, de forma inteligente e madura, problemas relacionados com amor numa das músicas que mais aprecio: “Standing Next to Me”.

A imponência e a riqueza sonora das músicas deve-se sobretudo à contribuição, na componente instrumental, da “London Metropolitan Orchestra”. As melodias não se baseiam apenas na bateria, nos riffs de uma guitarra semiacústica ou no som do baixo. São exploradas as potencialidades de outros instrumentos musicais que, no seu conjunto, formam músicas orquestradas que remetem para trilhas sonoras de filmes de cowboys, para músicas de bandas como “The Beatles” ou David Bowie, ou até mesmo para certos musicais clássicos. De facto, neste projeto, os músicos partiram dos seus gostos em comum e inspiraram-se em, por exemplo, Scott Walker, músico dos anos 60.

A conjugação das duas vozes funciona muito bem: a tão característica e melodiosa voz de Turner com a mais grave de Kane dão a ideia de entrarem num diálogo musical que não deixa espaço para silêncios, refletindo a cumplicidade e o bom trabalho de equipa que estes dois desenvolveram.

Todo o álbum mistura, de forma genial, diferentes géneros musicais, tendo como base o indie. Também podemos encontrar pop sinfónico, baroque-pop, músicas com imenso groove, e faixas longe de serem monocórdicas ou de soarem todas ao mesmo. É um álbum que conta uma história sonora, sempre com episódios distintos entre si.

Destaco o videoclipe do single “The Age of the Understatement”, que nos coloca num cenário militar e religioso, dois elementos que por norma afastam o homem da sensibilidade para amar uma mulher. A música é passível de várias interpretações, sendo a mais conhecida a de retratar um final de namoro e a revolta do sujeito pela dor e frustração que esse amor lhe traz. O andar apressado dos cantores, a revolta, a seriedade e o ambiente literalmente frio remetem para a insensibilidade provocada pelo fim de uma relação amorosa.

Apesar de “perdidos” durante cerca de 8 anos, recentes notícias anunciam o possível regresso da banda com um segundo álbum, ainda sem data definida. Eu, e certamente muitos outros admiradores, esperamos ansiosamente!