Agatha Christie, a grande Dama do Crime, deixou uma marca no mundo da literatura policial com o nosso belga preferido, Hercule Poirot. O homem com o bigode muito particular fez com que a autora ganhasse um nome no mundo do mistério e do suspense.

“Os Treze Enigmas”, porém, não fala sobre ele. Não, neste caso, falamos da outra heroína de Agatha Christie, a querida e astuta Miss Marple. Por sua própria admissão, Agatha Christie preferiu Miss Marple a Hercule Poirot, achando este último um egocêntrico insuportável. Infelizmente, nota-se isto na escrita desta história.

O enredo do livro é muito simples: Miss Marple, reunida com alguns amigos e família, cria o Clube das Noites de Terça-feira. Cada um conta um crime do seu conhecimento que pareça ser impossível, e os outros membros tentam resolvê-lo. O prémio? Provar que têm um melhor conhecimento da natureza humana que os restantes membros do clube.

Admito, o conceito é simples. Mas o problema é que a história não evolui muito a partir daqui: repete o cenário treze vezes, e com tão pouco a mudar de um cenário, fora de um mistério para outro, torna-se aborrecido. Mais ainda, é sempre Miss Marple que resolve os mistérios, justificando que numa aldeia pacata consegue-se ver a natureza humana muito mais de perto. Tendo em conta que isto é uma das bases da personagem da “velhota simpática” ao longo de vários livros, só posso concluir que a aldeia está amaldiçoada, pois ela encontra parecenças em tudo.

Agatha Christie. Foto: veja.abril.com.br

Agatha Christie. Foto: veja.abril.com.br

Miss Marple também não é uma “fantástica” personagem principal. Todos gostam dela e é apresentada como sendo “perfeita”. E mesmo quando lhe apresentam um defeito, dão-lhe a volta para torná-la mais querida para o leitor.

O que salva o livro? Talvez o facto de os mistérios serem descritos de uma forma que até o próprio leitor consegue resolvê-los com as pistas dadas, apesar de serem difíceis. A obra age como um livro de puzzles para adultos, dando uma sensação de termos realizado algo impossível.

Em suma, “Os Treze Enigmas” não vai dar aquela “pica” de suspense e de mistério, comum nos livros da Dama do Crime. Recomendaria lê-lo se estivessem aborrecidos ou se quisessem treinar as “celulazinhas cinzentas”. Mas, se procuram algo verdadeiramente no estilo de Agatha Christie, sugiro que procurem outro livro.