“Espero que todos vivam até aos 100 anos e que a última voz que oiçam seja a minha”, terá dito um dia Frank Sinatra.

Adorado por muitos, odiado por poucos. A voz de Sinatra marcou os anos 50 e, invariavelmente, as décadas que se seguiram. O “menino dos olhos azuis” entregou-se ao mundo da música nos anos 30, tendo como influência o cantor Bing Crosby. Nem mesmo na era do Rock’n’Roll a voz de Frank desapareceu.

Os seus temas, decorados com declarações pessoais, ficaram gravados na memória de filhos, pais e avós. Ouvem-se nos supermercados, cafés e salas de Jazz. Nos concertos, tinha o dom do improviso e jeito para retirar de uma sala esgotada uma gargalhada coletiva. Era “The Voice” ou Frankie para os amigos.

O radialista Jonathan Schwartz descreveu à Time a primeira vez que ouviu aquela “voz tão viril, tão masculina, tão fácil de entender, tão intensa, tão bela”. Fora num bar, corriam os anos 50,  e passava, em música gravada, The Birth of the Blues. Dizem que para bom entendedor meia palavra basta, mas a primeira nota que saiu da boca de Sinatra pediu aos ouvidos de Schwartz que pagasse um dólar para a repetir 10 vezes.    

Não foi menos bem-sucedido na representação. No meio de um extenso currículo de 50 produções, foi com o filme From here to eternity que venceu o Óscar de Melhor Ator Secundário, em 1954. Na televisão, criou um programa próprio, a TV Sinatra, que manteve durante vários anos.

As mensagens das suas músicas contrastam com o seu “feitio intragável” revelado na biografia feita pelo jornalista James Kaplan e lançada em 2015. Neste segundo volume de Sinatra: The Chairman são reportados comportamentos violentos e “ataques de fúria” da estrela intemporal do Jazz.

Conhecido pela audiência feminina como The sultan of swoon, Frank esgotava as salas que pisava. Assobios, declarações de amor e um público estridente, era assim que se resumia cada concerto seu. Em 1995, Sinatra decidiu deixar de os ouvir.

Nascido em Hoboken, Nova Jérsia, num lar humilde, Frank Sinatra faleceu a 14 de maio de 1998. Arrependimentos, teve alguns, como diz em My Way. Mas o caminho que traçou fez com que se tornasse, por excelência, o ícone musical do século XX.