Nos inícios de novembro, os Ermo percorreram as cidades do nordeste brasileiro em tour. Fizeram sete concertos, repletos de energia, envolvidos pela música eletrónica, debaixo de um calor tropical.
Ermo começou como uma banda que não era para ser banda, há quatro anos. Composta por António Costa e Bernando Barbosa, naturais de Braga, cedo deu os primeiros passos. Os concertos começaram em 2012, ainda que “nada bons”, confessa António. Com um estilo “esquisito”, enquadram-se no pop “mais obscuro”.
Em entrevista ao ComUM, o vocalista da banda, António Costa, fala da digressão pelo Brasil e das perspetivas de futuro dos Ermo.
ComUM: A pergunta de praxe, porquê o nome Ermo?
António Costa: Quando eu e o Bernando formamos a banda não era para ser uma banda. Eu tinha umas músicas e o Bernardo, que é quem faz eletrónica, queria produzi-las. Uma dessas canções tinha uma tonalidade mais triste e com os efeitos que o Bernardo pôs acabou por ficar uma mescla de sons esquisita. Não tínhamos capacidade para fazer música a sério, que estivesse nos conformes daquilo que normalmente se lança. Então, decidimos dar primazia ao facto da música ser esquisita. E daí Ermo. Ermo é um sítio onde não está ninguém e é basicamente esse o posicionamento que nós queremos ter na música portuguesa: fazer algo fora dos conformes, fora dos cânones do que devia ser, fazer música estranha e destacarmo-nos por isso.
ComUM: Qual é o teu papel na banda visto que o Bernardo se ocupa da parte eletrónica?
AC: Nós temos o papel definido na parte ao vivo, eu canto e ele fica na parte eletrónica, mas no processo de composição ele também trata da voz. Se for preciso, até faz uma melodia vocal e eu é que a sigo. É um trabalho 50/50.
ComUM: Quais são as vossas influências?
AC: Torço sempre o nariz quando fazem essa pergunta, porque é muito difícil dizer que nós fazemos isto porque ouvimos aquilo. Nós ouvimos um pouco de tudo. Na altura em que fizemos a banda estávamos muito obcecados com a música que se fazia cá em Braga nos anos 80, que se traduzia num punk muito forte. Hoje, temos feito um shift mais para eletrónica. Estamos a ouvir mais música recente e a tentar estar a par daquilo que está a acontecer à nossa volta, porque temos vontade de fazer música “atual”.
ComUM: Focando-nos mais na digressão pelo Brasil, o que nos podes contar sobre o que aconteceu por lá?
AC: Foi altamente! É estranho atravessar o Oceano Atlântico para ir cantar ou tocar eletrónica, principalmente quando somos um projeto muito baseado em Portugal. As nossas temáticas são tipicamente portuguesas. Falamos sobre Portugal e cantamos em Português e, normalmente, isso é esquisito nas tours que fazemos para fora pela Europa. Mas lá [no Brasil], como eles falam português, encontramos uma segunda casa e correu bem.
ComUM: Por onde é que atuaram enquanto estiveram no Brasil?
AC: Atuamos na zona do nordeste, porque o Festival DoSol é um festival itinerante. Tínhamos um tour bus com várias bandas e estivemos a atuar pela zona mais nordeste do país.
ComUM: Quantos concertos deram?
AC: Foram sete concertos, em dias diferentes. Tínhamos cinco days off e estivemos lá 15 dias. Acabou por ter um grande espaçamento.
ComUM: O que pretendem que o público sinta quando vos estão a ouvir?
AC: Gostava de pensar que os Ermo levam as pessoas mais além, que as pessoas questionam os seus moldes quando ouvem Ermo, pois somos uma banda que tenta quebrar fronteiras.
ComUM: Os Ermo têm projetos futuros?
AC: Nós estamos a compor um álbum há cerca de um ano e meio, que terá mais de 45 minutos. Vai ser mais violento, um bocado mais pungente e não será tão lírico. Vai ter um ritmo mais “breakado” que vem muito da experiência que tivemos no Brasil, porque os brasileiros dão muita primazia áquilo que o público sente quando está a ver o teu concerto. Portanto, vamos tentar puxar mais para esse lado, porque pretendemos que seja um álbum mais forte.
ComUM: Há data prevista para o lançamento do álbum?
AC: Antes do verão.
ComUM: Desviando para uma temática mais geral, como achas que Portugal trata os músicos?
AC: Portugal trata os músicos? Acho que os músicos estão um bocado “façam o que entenderem”. Existem plataformas de apoio e de suporte às artes, mas não diria que exista uma “cena musical” portuguesa.