Natural da Moldávia e há 14 anos em Portugal, Alina Palamarciuc exerceu vários trabalhos, mas nunca deixou de lado a sua veia artística, mais concretamente, a pintura. Com formação aprofundada em Belas Artes e a expor desde 1998, já expôs em locais como a embaixada francesa, na Moldávia, ou o Palácio das Artes, no Porto. No âmbito da associação Ar Evento, dedica-se a divulgações artísticas.O seu mais recentemente trabalho, Infinite of 12, encontra-se em exposição na TOCA, em Braga, desde 16 de janeiro até 16 de fevereiro.

ComUM: Como é que o seu trabalho chegou à TOCA?

Alina Palamarciuc: Foi através da divulgação do trabalho de outro artista, que está a ser feita por mim na associação Ar Evento, que recebi contacto da TOCA. Fiquei com a ideia de que, talvez, poderia ter a oportunidade de expor. Foi assim que aconteceu. Muito fácil. Não foi algo muito elaborado, nem muito pensado.

ComUM: Relativamente à exposição Infinite of 12, porquê este nome?

AP: Fiz uma pesquisa muito aprofundada. A partir daí, surgiu este número que abrange todas as áreas da espiritualidade até às coisas mais básicas: a psicologia, a Ciência, a História, a Bíblia… Além disso, sempre fui muito ligada aos números. Para mim, há números em tudo! Por onde passo, em tudo o que vejo, só existem números.

ComUM: Portanto, faz uma espécie de aliança entre outras áreas e o mundo artístico.

AP: Sim… Um artista nunca é só arte, nunca é só vida. Tudo depende daquilo que nós somos, daquilo por que passamos… Sempre que isso passa [para o público] é algo que nos completa.

ComUM: Sendo assim, a arte comunica também propósitos. Quais são os propósitos da exposição Infinite of 12?

AP: O seu propósito principal passa pela espiritualidade que abrange quase todas as religiões.

 

ComUM. Qual o feedback das pessoas que vêm visitar a exposição?

AP: Acho que o feedback é interessante e creio que gostam. É a primeira vez que é estreada em Braga e o tema da espiritualidade vem mesmo a calhar. Eu não tinha muita noção de que Braga era uma cidade religiosa. Quando numa reunião me disseram “não vai ser fácil com o público porque as famílias de Braga são religiosas”, eu vi isso como algo bom.

ComUM: As pessoas têm interesse pela arte?

AP: Aqui, em Braga, se as pessoas se interessam pela arte, de certeza que se vão interessar por um tema destes. O tema até pode não ser, nem pretende ser, religioso. Daí eu chamar à atenção para a espiritualidade, porque abrange outras culturas e outras crenças. A ideia é essa mesma: não interessa o povo, a cultura, a nação, porque o sol é para todos. Temos que “sair da caixa”, sair de dentro do espaço cultural em que vivemos e ter outro nível de pensamento.

ComUM: E a sociedade portuguesa está preparada para “sair da caixa”?

AP: Eu acho que não. Espero que os bracarenses não me levem a mal. Eu não faço obras apenas sobre o tema da espiritualidade. Faço este destaque para ser levado de forma mais cultural do que religiosa. Pode chocar, mas espero que o público de Braga goste. É mais uma abertura e não o contrário.

ComUM: Acredita que, se mais artistas como a Alina fizerem este tipo de demonstrações, estas poderão ter impacto na forma como as pessoas veem a religião e outras espiritualidades?

AP: Isso depende, porque o propósito de um artista não é mudar espiritualidades. A arte não tem o propósito de mudar aquilo que é bom. A espiritualidade é um tema muito meu e estou longe de querer, de alguma forma, chocar. No entanto, as pessoas que têm abertura para as espiritualidades vão entender o conceito.

ComUM: E o que pensa sobre o panorama artístico de Portugal?

AP: Existem aqueles artistas que surgem para chocar e fazer nome… Se formos a ver, acho que Portugal não está assim. Isso acontece mais em Londres e em cidades do género, onde lançam algo que choca, vende e faz nome. Lá, é uma indústria. Aqui, não existe essa indústria. Cada artista tem uma escola por detrás e tenta, de alguma forma, enquadrar-se.