Após meses de preparação, chegou o ansiado dia para a cidade de Vila Nova de Gaia. Foi o terceiro sábado de Janeiro que marcou o início da 10ª edição do “Cale-se”, Festival Internacional de Teatro, nos Auditórios Municipais de Gaia.

O relógio marcou as 21h45 e o número de pessoas desejosas por entrar aumentava cada vez mais até às 22h00, hora do início do primeiro dos dez sábados que compõem o evento. O público foi-se deslocando para o sítio que lhe foi atribuído e, em menos de cinco minutos, o auditório ficou completamente cheio, sem um único lugar livre.

Após o discurso do presidente da Câmara Municipal de Gaia que, segundo João Pereira, um dos muitos espectadores no auditório, foi “muito longo” e “demorado”, seguiu-se uma homenagem a Custódia Gallego, patrona do evento deste ano, devido ao contributo dado por si à Cultura em Portugal. Deste modo, os espectadores do Festival tiveram a oportunidade de ver e de estabelecer uma relação próxima com um dos grandes nomes do teatro, televisão e cinema em Portugal. O público ficou ao rubro quando a atriz subiu ao palco do auditório para discursar. No seu discurso, Custódia Gallego teceu grandes elogios à iniciativa, porque, para a mesma, iniciativas como estas são “muito importantes”. À madrinha do “Cale-se” de 2016 foi oferecida, por parte da organização do evento, uma caricatura, uma garrafa de vinho do Porto, o troféu de patrono de 2016 e, ainda, um ramo de flores.

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Uma hora depois da entrada no auditório, chegou o momento mais esperado da noite para o público presente. Foi hora do espetáculo “Frio” – adaptação de “O Capote” de Nikolai Gogol – que contou com a participação de um grupo de Santiago de Compostela. Se para muitos entender o galego poderia vir a ser um problema, esse contratempo foi posto de parte quando o público percebeu que a peça seria muda. Apenas acompanhado com um violoncelo, deu-se início ao espetáculo onde a língua não foi um obstáculo.

A fábula, que fala da sina, do desejo e da morte, conta o drama do funcionário Akaki Akakievitch, um anónimo escrivão de São Petersburgo, que precisa de se submeter a severas restrições para conseguir juntar dinheiro para comprar um novo casaco que aguente o inverno.

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Com o decorrer da peça, algumas pessoas foram abandonando o auditório. Foi o caso de João Pereira, de 50 anos, que considerou a peça “amorfa”, confessando que apenas o violoncelo deu alguma vivacidade ao espetáculo. No entanto, realça a boa organização do evento, visto que o auditório esteve “completamente cheio”.

No final dos 70 minutos que compuseram a peça, as pessoas levantaram-se e aplaudiram. Muitos saíram do auditório em direção ao exterior, outros ficaram mais um pouco a falar sobre a peça que acabaram de ver.

Faltam nove noites e aproximadamente dois meses para o final do Festival que, pela primeira vez em dez anos, foi realizado na própria cidade de Vila Nova de Gaia.

 

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