Centenas de famalicenses reuniram-se no passado sábado para assistir ao concerto de David Fonseca. O artista animou a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão durante cerca de duas horas e meia, levando a plateia a levantar-se a meio do espectáculo.
O relógio marcou 21h15 quando se concentraram as pessoas na entrada da Casa das Artes. O ambiente foi de grande animação e expectativa.
Isabel Pereira, de 38 anos, que esperava “um concerto animado e com boa música”, revelou que foi ao evento por causa da “curiosidade em conhecer o trabalho a solo do David Fonseca”. “Nunca assisti a nenhum concerto e tenho curiosidade em saber como é que vai ser”, continuou. Questionada sobre como avalia o cantor, Isabel afirmou que “como pessoa, não o [conhece] muito bem, mas pensa que [é] uma boa pessoa, pelo que se ouve na comunicação social”. Sobre este novo projeto, afirmou que conhece “apenas algumas músicas” e pensa que “é um desafio para ele”. Espera ainda que “o novo projeto traga de volta o David Fonseca dos Silence 4”.
Já Sandra Rodrigues, de 35 anos, disse poder sentir a “energia positiva que [o cantor] transmite quando está em palco”, enaltecendo a “simplicidade” do artista.
Ana e João, ambos de 38 anos, esperavam reencontrar David Fonseca. Residentes no Porto, vieram a Vila Nova de Famalicão “porque apareceu [a] oportunidade”. Ana e João conhecem David Fonseca e os Silence 4 desde os tempos de faculdade. João considera-o “um excelente cantor e uma pessoa extremamente interessante, com um estatuto que lhe permite seguir as suas próprias ideias”. “Nada fará alterar esse estatuto nem nada fará alterar esse percurso que ele está a fazer”, concluiu. Ana revelou que este projeto “não tem a ver com a língua, tem a ver com a pessoa e com a sua genuinidade”. “Ele será sempre genuíno nas suas músicas e naquilo que expressa”, finaliza.
O concerto começou por volta das 21h40 numa sala cheia e visivelmente animada, com pessoas de todas as idades. O palco estava previamente preparado e com uma inusitada animação digital.
David Fonseca entrou no palco de uma maneira inesperada e divertida, demonstrando aptidão para a dança logo na primeira música. “Eu já estive aqui”, disse-nos. O artista tocou guitarra e surpreendeu ao tocar também pandeireta.
Durante a noite, David Fonseca cantou as músicas Chama-me que eu vou, Someone That Cannot Love, Futuro Eu, Kiss Me, Deixa Ser, Borrow, entre outras. A meio do espectáculo, o artista começou a interagir mais com o público, provocando gargalhadas com as histórias que ia contando.
Num tom mais intimista, o autor revelou que a Casa das Artes de Famalicão é um dos locais onde mais gosta de atuar, falando, contudo, do facto de, ao ser um espaço sentado, as pessoas não se exprimirem nem revelarem tanta espontaneidade.
O espetáculo prosseguiu e o músico cantou um dos seus maiores êxitos, levando a plateia ao rubro. Consequentemente, as pessoas levantaram-se e entoaram a letra de Superstars, enquanto David Fonseca saía do palco e tocava uns acordes no meio do público.
O concerto continuou a todo o fulgor, dando-se por terminado por volta da meia noite. O artista de 43 anos preparou-se, então, para uma sessão de autógrafos, onde se encontrava uma enorme fila de pessoas.
Tiago e Angélica, de 27 e 24 anos, respetivamente, revelaram que gostaram do concerto e que são “fãs há já muitos anos, desde o tempo dos Silence 4”. “O David Fonseca é diferente dos outros, tem aquele toque mais maluco” e “não está ali só para cantar”, disse Tiago. Quando questionados sobre o novo projecto do cantor, Tiago respondeu, sem hesitações, que “[ficou] com a ideia de que [este novo projeto representa bem a essência do cantor]”. Já Angélica considerou que “ao vivo é completamente diferente”.
Célia, de 37 anos, declarou que “o concerto foi ótimo, excelente, como sempre”. “Sou fã do David Fonseca desde o tempo dos Silence 4 e, como sou de Famalicão, vim ao concerto”, acrescentou. Adiantou também que “como cantor, [aprecia] o timbre da voz, as letras, a composição das músicas, considerando o músico “uma excelente pessoa, muito simpático, muito acessível”. Célia espera ainda de David “sempre o máximo, o melhor dele, a transparência que ele exprime nas músicas”, admitindo que este último “disco é muito bom, porque ele quase nunca cantou em português”.
No entretanto, David começou a receber os fãs. O cantor revelou ao ComUM que, para desenvolver este novo projeto, se inspirou “nas tardes e noites muito longas em casa da [sua] avó em Peniche”, bem como “numa certa solidão de inverno, numa certa contemplação da [sua] própria pessoa”. David adiantou que “quando [faz] um disco não [tem] expectativas nenhumas”. “Acho que a melhor forma de ser surpreendido é não ter expectativas”, admitiu. “Assim, quando acontece alguma coisa de bom, eu aceito o que vem”, continuou. Quanto a projectos futuros, o artista está apenas a dedicar-se ao novo álbum, concluindo, entre risos, que gostaria de fazer uma parceria com “Tom Waits”.
Fotografias: Maria João Costa