“Intemporal”, “genial” e “um exemplo a seguir”. Foram algumas das palavras que se ouviram num tributo a Zeca Afonso, em que as músicas do “poeta” não comandaram a noite. A iniciativa inseriu-se na “2ª Semana Cultural das Convergências Portugal/Galiza”, no passado dia 23 de fevereiro, na Casa do Professor, em Braga.
“As sete mulheres do Minho” e “Teresa Torga” foram as duas únicas músicas de José Afonso que tocaram no auditório da Casa do Professor, em Braga. “Prestar homenagem ao Zeca não é cantar as mesmas músicas”, explicou Fernando, apresentador do evento. “Seguir o exemplo dele é apoiar a gente que luta para que a música portuguesa não morra, assim como as suas mensagens”, acrescenta.
No dia 23 de fevereiro, assinalou-se o 29º aniversário da morte de Zeca Afonso, na Casa do Professor, em Braga. Entre admiradores da obra do autor, os elogios surgiram a cada discurso: “intemporal”, “genial”, “um exemplo a seguir”, o desejo de “mais Homens como ele”.
Muitos foram os excertos proferidos durante a apresentação do livro “José Afonso Andarilho nas Astúrias”. O etnomusicólogo e autor Mário Correia apresentou a obra juntamente com Paulo Esperança, vice-presidente da Associação José Afonso. O livro é fruto de uma recolha de memórias feita pelo autor na Galiza e nas Astúrias.
Zeca entrou na Galiza, em 1972, e de lá partiu para as Astúrias. São de salientar os concertos, as tertúlias e as experiências marcantes. Mário destaca a passagem do cantor por uma mina nas Astúrias, que levou Zeca a tornar-se “ainda mais sensível quanto à exploração”.
Durante a investigação para este livro, Mário percebeu que José Afonso era “muito querido” nas províncias espanholas. Lembram-no como um “guerrilheiro antifranquista”.
“Estou farto de explicar que Galiza não é Espanha”. Esta frase foi atribuída a Zeca Afonso e lembrada durante a iniciativa inserida na “2ª Semana Cultural das Convergências Portugal/Galiza”, que tem como objetivo aproximar as culturas minhota e galega.
Os momentos musicais realizados pelo trio de Daniel Pereira Cristo e também pelo coletivo “Irmãos da Fala” marcaram o início e o final da noite. Para além do esperado Zeca Afonso, foram evocados os Deolinda ou a galega Rosalía de Castro. A noite viajou ainda até ao Brasil, com Chico Buarque. E, “foi bonita a festa, pá”, como na música “Tanto Mar”, de Chico Buarque.
Ana Maria Dinis
Pedro Gonçalo Costa